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Investimento em apicultura no semiárido é aposta para redução da pobreza extrema

Até o final desse ano, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) estará lançando os editais de licitação para aquisição dos kits produtivos de apicultura que farão com que, produzindo mel e seus derivados, dezenas de produtores do semiárido brasileiro tenham condições de sair da situação de pobreza extrema.
publicado: 17/10/2012 16h13, última modificação: 06/10/2023 17h10

Até o final desse ano, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) estará lançando os editais de licitação para aquisição dos kits produtivos de apicultura que farão com que, produzindo mel e seus derivados, dezenas de produtores do semiárido brasileiro tenham condições de sair da situação de pobreza extrema.

A informação é da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Companhia que, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) do Ministério da Integração Nacional (MI), estará investindo cerca de R$ 11 milhões na inclusão produtiva, via atividade apícola, dentro do Plano Brasil sem Miséria, do governo federal.

“A apicultura é uma das poucas atividades produtivas que não exige um alto investimento inicial e é capaz de causar impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, e por isso, é uma ferramenta eficaz de inserção produtiva e de geração de emprego, trabalho e renda para as famílias dos produtores rurais”, afirma José Augusto Nunes, diretor de Revitalização da Codevasf, que participará nesta quinta (18) do 9º Seminário de Apicultura do Norte de Minas, em Montes Claros (MG), evento apoiado pela Companhia que promoverá um debate sobre a criação de abelhas e o marketing do mel.

Nunes lembra que o calendário reserva para o dia de hoje, 17 de outubro, um encontro bastante simbólico: o Dia Internacional de Erradicação da Pobreza, definido mundialmente pelas Nações Unidas (ONU), e o Dia da Apicultura, para o calendário brasileiro.

Os apicultores que serão beneficiados pelos kits produtivos estão nesse momento sendo cadastrados pelas equipes de campo da Codevasf. Entre os requisitos, estão o de estar em situação de pobreza extrema – o que significa ter uma renda per capita mensal de até R$ 70 -, ser agricultor familiar, ter área disponível para instalação de apiário com distância mínima de 200 metros de moradias, estábulos e currais, entre outros critérios.

Os kits produtivos que serão adquiridos pela Codevasf e distribuídos entre os apicultores são de tipos diversos, variando de acordo com as características do apicultor, do clima, da área, da flora disponível. Haverá kits individuais com 10 a 30 colmeias completas, kits comunitários de extração de mel, kits estruturantes que poderão comportar entrepostos de mel com capacidade para até 40 toneladas mensais, outros contendo unidades de beneficiamento de pólen ou de cera de abelhas, e ainda os kits estruturantes contendo equipamentos diversos – desde baldes até balanças, tanques e centrífugas.

O processo de seleção dos produtores inclui a mobilização das comunidades, verificação dos dados junto ao CadÚnico, validação da seleção junto à própria comunidade e capacitação prévia dos produtores selecionados. Após a distribuição dos kits, os futuros apicultores serão capacitados e acompanhados pelas equipes contratadas pela Codevasf. A assistência técnica será fornecida em parceria com prefeituras, governos estaduais e o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Com isso, os beneficiários passarão a integrar a Rota do Mel, que é uma das "Rotas de Integração Nacional" - principal estratégia da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional para atuação no adensamento de Arranjos Produtivos Locais (APLs) e no Plano Brasil sem Miséria.

A Rota é uma metodologia que trata do desenvolvimento econômico das regiões mais desiguais a partir de eixos logísticos, incorporando cooperação, tecnologia, acesso ao mercado e educação das populações situadas ao redor desses eixos. "A metodologia visa a estruturação e dinamização desses APLs, considerando as potencialidades socioprodutivas latentes e os gargalos atuais do sistema produtivo, a partir de um olhar apurado sobre as especificidades socioeconômicas e culturais de cada território", explica Izabel Aragão, gerente substituta de Desenvolvimento Territorial da Codevasf.


Sustentabilidade e retorno financeiro

A atividade apícola vem se consolidando como uma boa alternativa para geração de emprego e renda, principalmente durante o período de seca, tornando-se uma atividade importante para os pequenos produtores rurais. A Codevasf apoia a estruturação da atividade e já mobilizou e capacitou aproximadamente 3,3 mil produtores e investiu cerca de R$ 19 milhões de 2004 a 2011.

Dados da Confederação Brasileira de Apicultura dão conta de que a produção apícola nacional triplicou nos últimos anos e hoje, com 40 mil toneladas, o Brasil é 11º produtor no ranking mundial e o quinto maior exportador. “Graças às abelhas africanizadas, que são altamente resistentes às doenças, somos ainda os únicos a produzir mel sem o uso de medicamentos”, garante a Confederação.

Um estudo da Fundação Banco do Brasil demonstrou que a apicultura “é uma atividade sustentável por natureza, uma vez que viabiliza a melhoria na qualidade de vida do homem por meio da geração de um trabalho digno, que respeita o meio ambiente”.

Do ponto de vista social, constatou a Fundação, a apicultura destaca-se também por sua capacidade de gerar trabalho e renda, auxiliando na fixação das famílias no campo, pois dentre as atividades agropecuárias é uma das que apresenta retorno financeiro mais rápido, gerando sustentabilidade sem agredir a natureza. “Um apicultor que possui 50 colmeias consegue uma renda de pelo menos um salário mínimo ao mês”, afirma a entidade.