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Bacia do rio Araguaia recebe primeiro repovoamento com peixes de espécies nativas
Lagoas do rio Araguaia localizadas em territórios dos povos indígenas Karajás, no estado de Goiás, receberam a primeira ação de repovoamento com espécies nativas. O peixamento foi realizado numa parceria entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Universidade Federal de Goiás (UFG) e inseriu cerca de 50 mil alevinos das espécies nativas piau-vara (Schizodon vittatus) e pacu manteiga (Mylossoma aureum).
O primeiro repovoamento da bacia hidrográfica do rio Araguaia é uma das ações do projeto “Aquicultura e Pesca sustentáveis: pesquisa, tecnologia, ensino, extensão em aquicultura continental”, resultado do acordo de parceria para pesquisa, desenvolvimento e inovação celebrado entre a Codevasf e a UFG. As iniciativas do projeto pretendem unir esforços para execução de ações de revitalização da ictiofauna na bacia do rio Araguaia no estado de Goiás.
Para execução das atividades, a Codevasf realizou a estruturação de laboratórios e de unidades de pesquisa e de produção em aquicultura da UFG com o repasse de equipamento e insumos como microscópios, tanques e incubadoras que estão sendo utilizados para a reprodução artificial das espécies capturadas no rio Araguaia pela equipe do projeto. Antes de realizar a captura, a Codevasf executou todos os procedimentos de licenciamento ambiental junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Segundo o superintendente regional da Codevasf em Goiás, Abelardo Vaz, o repovoamento da bacia do Araguaia aproveita a experiência da Companhia em revitalização de bacias hidrográficas ao longo de 50 anos da empresa pública para aplicação dessa tecnologia em Goiás. Ele ainda acrescentou que o trabalho será estendido a outras bacias hidrográficas do estado para aumentar os estoques pesqueiros e garantir peixe para segurança alimentar e renda às famílias ribeirinhas.
“A Codevasf tem vasta experiência em peixamentos ao longo da bacia do rio São Francisco, o que também inclui a captura de matrizes e de reprodutores, como também a aplicação da tecnologia de reprodução artificial. Com a 9ª Superintendência Regional em Goiás, buscamos trazer esse expertise para ser trabalhado, inicialmente, na bacia do Araguaia e também futuramente nas outras bacias hidrográficas que cortam o estado. Para alcançarmos esses resultados, disponibilizamos equipamentos, insumos e técnicos da área de pesca e aquicultura para apoiar o projeto junto à UFG, numa união de esforços para revitalização ambiental e para segurança alimentar e renda da população ribeirinha”, explicou.
Para a definição das espécies a serem trabalhadas no repovoamento, foi aplicado um questionário à comunidade pesqueira com foco em famílias ribeirinhos, pescadores artesanais, profissionais e esportivos, para que relatassem a percepção quanto a eventual diminuição de estoques pesqueiros. Os trabalhos foram coordenados pela professora Fernanda de Paula, coordenadora do Setor de Aquicultura da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG.
“Este peixamento é resultado, literalmente, da parceria entre Codevasf e UFG. Além dos equipamentos doados pela Codevasf, também houve intercâmbio com seus técnicos, incluindo visita técnica a centros de piscicultura da Codevasf em Minas Gerais, Sergipe e Alagoas. Além da realização do repovoamento, a execução desse trabalho é uma excelente oportunidade de estudos e pesquisas para os alunos de graduação e pós-graduação”, comemora a professora da UFG e coordenadora do projeto “Aquicultura e Pesca sustentáveis: pesquisa, tecnologia, ensino, extensão em aquicultura continental”.
O peixamento foi realizado na última semana e outras ações de repovoamento estão sendo planejadas para ocorrer ao longo do ano de 2024. Com isso, Codevasf e UFG projetam o aumento do estoque pesqueiro com resultados concretos para a população e para o meio ambiente, como segurança alimentar com o acesso à proteína do peixe, geração de trabalho e renda para pescadores e manutenção da diversidade e variabilidade de espécies nativas que contribuem para o equilíbrio ecológico da bacia hidrográfica.