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Codevasf repovoa Médio São Francisco baiano com 57 mil alevinos de espécie ameaçada de extinção

publicado: 07/12/2020 15h15, última modificação: 01/11/2022 14h41

O pacamã (Lophiosilurus alexandri), uma espécie nativa da bacia hidrográfica do rio São Francisco e ameaçada de extinção no Médio São Francisco, está reaparecendo na região a partir de um trabalho de pesquisa, produção e repovoamento por meio de peixamentos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Na última quinta-feira (26), a Companhia introduziu cerca de 57 mil alevinos de pacamã em trechos do rio nos municípios baianos de Bom Jesus da Lapa (BA) e de Xique-Xique (BA). A reintrodução da espécie é fruto do trabalho do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Xique-Xique da Codevasf.

Peixamento 2ª SREm Bom Jesus da Lapa, o peixamento introduziu 20 mil alevinos de pacamã no trecho do São Francisco localizado na comunidade Barrinha. “O que nós estamos fazendo é trazer sustentabilidade para o rio. Esse repovoamento, principalmente do pacamã, traz mais vida não só para o rio, mas também para os ribeirinhos que aqui habitam. No sentido social e financeiro”, diz o artista regional e morador do município, Paulão Araújo.

Já em Xique-Xique, a soltura dos 37 mil espécimes aconteceu em um trecho do rio São Francisco tradicionalmente utilizado como local de pesca pelas comunidades de Nova Iguira, Marreca Velha, Alto Grande e Mendonça, que juntas reúnem mais de 350 pescadores.

É uma coisa muito boa para a comunidade, pois ajuda a manter nossas pescarias. O que nós temos visto é que o pacamã está cada vez mais difícil de encontrar e, se Deus quiser, daqui a dois anos, vamos poder pegar esses pacamãs que foram soltos”, disse o pescador Carlos Antônio Cruz, morador do povoado de Nova Iguira.

De acordo com o técnico da Codevasf Rodrigo Bernardes, lotado no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Xique-Xique, a unidade iniciou o trabalho de repovoamento com o pacamã devido a ameaça de extinção da espécie, que já consta na lista do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de peixes ameaçados.

O pacamã está sendo considerada como uma espécie vulnerável. Normalmente, nós trabalhamos com as espécies migradoras, como surubim, dourado, curimba e piau. No entanto, iniciamos o trabalho também com o pacamã por causa desse risco de extinção”, revelou o técnico da Codevasf.

Já o chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Xique-Xique, Antônio Nascimento, detalhou as ações da unidade para domínio da tecnologia de reprodução da espécie. “Estamos realizando vários estudos com o objetivo de desenvolver a reprodução, larvicultura e alevinagem do pacamã. Com isso, pretendemos ampliar os programas de repovoamento. E os resultados têm sido bastante positivos. Até o momento, já foram soltos mais de 120 mil alevinos da espécie no Médio São Francisco através do trabalho do Centro”, afirmou.

Ainda segundo o chefe do Centro de Aquicultura da Codevasf, a tecnologia reprodutiva do pacamã também é desenvolvida por outros centros integrados da Codevasf, como o de Três Marias (MG), Bebedouro, em Petrolina (PE), Itiúba, em Porto Real do Colégio (AL) e Betume, em Neópolis (SE).

"O pacamã é uma das espécies nativas do rio São Francisco e faz parte da cadeia alimentar do rio e fonte de alimento e renda para o ribeirinho. Essa espécie tem um grande interesse comercial na região. Esses peixamentos de pacamã foram realizados no início da piracema, que é justamente agora em novembro” comenta Isabel Denis, técnica da Unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Bom Jesus da Lapa.