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Cultivo de orgânicos cresce em projetos da Codevasf e ganha o mercado europeu
São
54 irrigantes dedicados à produção ambientalmente correta em
Petrolina; o carro-chefe, a manga orgânica, já é exportada para a
Europa
Comida saudável, sem agrotóxico e cultivada com agressão zero ao ecossistema. É para atender a esse paladar ambientalmente correto cujo mercado cresce 30% ao ano que o cultivo de produtos orgânicos vem se consolidando em projetos públicos de irrigação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), principalmente em Petrolina, semiárido pernambucano: são 54 irrigantes dedicados exclusivamente a essa produção num cardápio onde o carro-chefe é a manga orgânica, mas que também inclui hortaliças, acerola, goiaba, maracujá e mamão.
“A cadeia de hortaliças está bem consolidada. O foco agora é a fruticultura, principal produto nos projetos da Codevasf”, explica o engenheiro agrônomo Osnan Soares Ferreira, gerente regional de Revitalização da Codevasf em Petrolina. Além de conquistar o mercado local, os produtos também são exportados para países europeus – caso da manga orgânica. Devido ao crescimento da atividade, a Codevasf tem investido em ações de apoio ao setor, como a estruturação do Mercado dos Produtores Orgânicos de Petrolina.
Os
projetos públicos de irrigação Senador Nilo Coelho, Bebedouro e
área Maria Tereza concentram a produção. Os destaques, além da
manga, têm sido a acerola e as hortaliças, que são comercializadas
no mercado local, na cidade vizinha de Juazeiro, Bahia, e também
enviadas para São Paulo. A manga já atravessa as fronteiras do país
e é exportada para a Europa.
“A
nossa meta para 2016 é exportar de 15 a 17 conteiners,
cerca de 300 toneladas, para Espanha e Portugal”, explica Hermino
dos Anjos, técnico agrícola e consultor na área de produção
orgânica na região. Ele estima um aumento de cerca de 20% nas
exportações deste ano em relação ao ano passado.
Apoio
à comercialização
Como
incentivo à produção de orgânicos na região, a Codevasf tem
investido no setor, com ações como oferta de capacitação de
produtores e construção do Mercado dos Produtores Orgânicos de
Petrolina. Na execução da primeira etapa da obra, por meio de
convênio com a prefeitura
municipal,
serão aplicados R$ 260 mil pela Codevasf, recurso oriundo do
Orçamento Geral da União destinado à Companhia por meio de emenda
parlamentar.
O montante será dirigido à construção de parte da estrutura física do mercado, a ser instalado nas proximidades do parque municipal Josefa Coelho, na área central do município. O recurso total previsto para a implantação do mercado está orçado em R$ 1,2 milhão.
O
projeto está em andamento e conta com a parceria do Ministério
Público Estadual, da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(Univasf), Embrapa, Sebrae e Associação dos Produtores Orgânicos
do Vale do São Francisco (Aprovasf).
Com a implantação
do Mercado dos Produtores Orgânicos do Vale, que será o primeiro do
Nordeste e o segundo no país, a tendência será de crescimento no
número de produtos comercializados e de consumidores interessados na
produção orgânica da região.
“A Codevasf ajudou muito no início das atividades na região. Hoje, nossa maior expectativa é a concretização deste projeto que contribuirá para aumentar a comercialização dos produtos e vai ajudando a esclarecer junto à comunidade o que é o produto orgânico. Essa será nossa principal conquista”, afirma Alzira Santana, presidente da Aprovasf, localizada em Petrolina.
A
entidade reúne 32 associados que, juntos, cultivam produtos
orgânicos numa área total de cerca de 65 hectares na região,
contando entre eles com produtores instalados nos projetos públicos
de irrigação da Codevasf, como Área Maria Tereza e Bebedouro. Eles
cultivam frutas, como goiaba, maracujá, mamão e manga, além de
hortaliças.
O trabalho com orgânicos na Codevasf
começou em 2005, quando foram iniciados os primeiros estudos para a
viabilização desse tipo de cultura com a contratação de
assistência técnica especializada e busca por áreas para iniciar o
processo. “O projeto mostra aos produtores que, apesar de demandar
um pouco mais de trabalho, a produção orgânica tem inúmeras
vantagens, como nos quesitos ambiental e da saúde dos consumidores”,
explica Osnan Ferreira.
Equilíbrio
do ecossistema
O
objetivo da produção orgânica vegetal e animal é promover
qualidade de vida com proteção ao meio ambiente. A
principal característica é não utilizar agrotóxicos, adubos
químicos ou substâncias sintéticas que agridam o meio ambiente.
Para ser considerado orgânico, o processo produtivo contempla o uso
responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais,
respeitando as relações sociais e culturais.
Foi
pensando nas vantagens para o meio ambiente e na qualidade de vida do
consumidor que o agricultor Natalício Alves optou por produzir
orgânicos, como manga, coco, batata, abóbora e outros itens
agrícolas. “Quando resolvi trabalhar com orgânicos pensei na
minha família. É uma questão de saúde optar por esse tipo de
alimento. Existe uma grande demanda por essa produção sustentável”,
explica o produtor. Ele se dedica à atividade há dez anos no
projeto Senador Nilo Coelho, em Petrolina.
Dois conceitos
são fundamentais na produção orgânica: a relação de confiança
entre produtor e consumidor e o controle de qualidade. O selo SisOrg
é obtido por meio de uma Certificação por Auditoria ou por um
Sistema Participativo de Garantia. Os agricultores familiares são os
únicos autorizados a realizar vendas diretas ao consumidor sem
certificação, desde que integrem alguma organização de controle
social cadastrada nos órgãos fiscalizadores.
O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) tem,
atualmente, oito certificadoras credenciada para emitir o selo de
produto orgânico: Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar),
IBD Certificações, Ecocert Brasil Certificadora, Instituto Nacional
de Tecnologia (INT), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA),
Instituto
Chão Vivo de Avaliação da Conformidade, Agricontrol (OIA) e IMO
Control do Brasil. A fiscalização das propriedades produtoras de
orgânicos é feita por essas empresas, que assumem a
responsabilidade pelo uso do selo brasileiro. Cabe ao Mapa fiscalizar
o trabalho dessas certificadoras.
Atividade
em alta
Em
2016, segundo informações do Mapa, a agricultura orgânica deve
movimentar R$ 2,5 bilhões,
com estimativa de crescimento entre 20% e 30%. Atualmente, há 11.084
produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, gerenciado
pelo Mapa. O banco de dados é liderado pelos estados do Rio Grande
do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e Santa Catarina
(999).
A
área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares.
Nela, são produzidas hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café,
castanha, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e
laticínios.
O
Brasil exporta para mais de 76 países. Os principais produtos
exportados são açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas.
Fotografia:
https://www.flickr.com/photos/codevasf/albums/72157674604005200