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Contrato com Petrobras Biocombustível fortalece agroextração familiar de coco macaúba apoiada pela Codevasf

Oito mil litros de óleo de macaúba comercializados à Petrobrás Biocombustível no âmbito do Programa de Produção de Biodiesel. O gol foi marcado pela Associação Comunitária de Pequenos Produtores Rurais de Riacho D'antas e Adjacências, um grupo de cerca de 400 agroextrativistas familiares do semiárido mineiro que, com apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), já atinge a marca de 450 toneladas anuais de coco macaúba coletado e beneficiado.
publicado: 01/12/2016 17h20, última modificação: 01/11/2022 14h36


Oito mil litros de óleo foram comercializados este ano; demanda de matéria-prima à associação comunitária deve aumentar, avisa gerente da empresa em seminário

Oito mil litros de óleo de macaúba comercializados à Petrobrás Biocombustível no âmbito do Programa de Produção de Biodiesel. O gol foi marcado pela Associação Comunitária de Pequenos Produtores Rurais de Riacho D'antas e Adjacências, um grupo de cerca de 400 agroextrativistas familiares do semiárido mineiro que, com apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), já atinge a marca de 450 toneladas anuais de coco macaúba coletado e beneficiado.

“Pretendemos aumentar ainda mais essa fonte de suprimento, pois o coco macaúba é fonte suplementar competitiva e que nos credencia com o Selo Combustível Social”, avisa Guilherme Romeiro, Gerente Setorial de Suprimento Agrícola da Petrobras Biocombustível e um dos participantes do 1º Seminário Regional do Coco Macaúba, promovido pela Codevasf no auditório do Campus da Universidade Federal de Minas Gerais/ICA, em Montes Claros.

A palmeira que alcança até 25 metros de altura e tem espinhos longos e pontiagudos está transformando a realidade de famílias no Norte de Minas Gerais. Da polpa e da semente do fruto – o coco macaúba – é extraído um óleo que dá origem a diversos itens, como sabão e ração animal, e que começa a ganhar espaço, também, na indústria de cosméticos e na produção de biocombustível.

As potencialidades e as perspectivas da exploração e industrialização dessa matéria-prima vegetal foram discutidas durante toda a quinta-feira (1º) por cerca de 300 participantes, entre estudantes, professores, pesquisadores e catadores do coco macaúba.

“O beneficiamento desse fruto tem usos diversos para fins alimentícios e farmacêuticos”, apontou o professor e pesquisador Fernando Madeira, da Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig). “O óleo da macaúba, por exemplo, pode substituir muitas vezes o de oliva e o de dendê, com a vantagem de ter menos gordura e oferecer uma melhor digestão”, garante.

“Além disso, o fruto pode ser transformado em sorvete, cookies e bolos; e pode ainda ser base para fabricação do tocoferol, um anti-inflamatório natural usado em muitos países desenvolvidos, e que tem um interessante valor de mercado”, assinala o pesquisador mineiro.

Interesse e dedicação

“A realização desse seminário vem demonstrar que, onde há interesse e dedicação da iniciativa privada e do poder público, as coisas acontecem com sucesso. A Codevasf sempre viu, no beneficiamento do coco macaúba, uma excelente oportunidade de mesa seminárioinvestir no desenvolvimento social e econômico com a utilização sustentável e o fortalecimento do agroextrativismo na região no semiárido mineiro, notadamente no vale do rio Riachão, uma das região mais carentes do vale do rio São Francisco em Minas Gerais e que abrange quatro municípios", aponta o superintendente regional da Codevasf em Minas Gerais, Rodrigo Rodrigues.

O técnico da Unidade de Desenvolvimento Regional da Codevasf em Minas, Daniel Vieira, explica, com mais detalhes, o potencial socioeconômico do coco macaúba. “As comunidades extrativistas do coco macaúba sempre o utilizaram na alimentação e nos tratamentos capilares - e hoje, como é o caso da Unidade de Beneficiamento do Coco Macaúba (UBCM), comercializam o óleo para salões de beleza, para a Petrobras e ainda mantêm a fabricação de sabão, que já é, há muito tempo, reconhecido no mercado regional”, destaca.

“A torta do macaúba, subproduto da extração do óleo, é comercializada para ração de aves, suínos e ruminantes no geral. Já o epicarpo pode ser usado como carvão vegetal, com potencial energético superior ao do carvão vegetal tradicional”, enumera. Ainda segundo Vieira, a importância dessa matéria-prima vai além da geração de renda para as famílias locais. “Hoje essa planta é protegida pela comunidade que vive da venda de cocos, o que garante a proteção dos leitos dos rios e de veredas, onde naturalmente é encontrado o macaúba”, afirma.

Certificação ambiental

Neste ano, a Cooperativa de Agricultores Familiares e Agroextrativista Ambiental do Vale do Riachão (Cooper Riachão), junto a outros 20 agricultores familiares, recebeu a primeira certificação em grupo da RSB (Roundtable on Sustainable Biomaterials) no Brasil. O processo verifica que os biomateriais são éticos, sustentáveis e de origem credível.

coco3A certificação foi apoiada pela RSB, com o suporte do Programa Boeing de Cidadania Corporativa, em parceria com a Unidade de Beneficiamento de Coco Macaúba (UBCM), duas associações de agricultores familiares e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“A atividade está intimamente relacionada com a preservação ambiental, já que a totalidade do coco beneficiado é colhido de plantas nativas. Isso faz com que os produtores preservem essa palmeira, cujo ecossistema de ocorrência está bastante agredido pela pressão por áreas aptas à produção agrícola”, ressalta o engenheiro agrônomo Alex Demier, chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial na 1ª Superintendência Regional da Codevasf, sediada em Montes Claros.

“Com o óleo produzido pela cooperativa certificado, significa que estamos aptos a vender nosso produto para qualquer lugar do mundo”, acrescenta João Elias Soares, gerente financeiro e administrativo da cooperativa. “Hoje, nosso grande parceiro é a Petrobras; mas com o selo podemos ampliar nosso mercado consumidor, como para empresas de cosméticos e até para exportação”, planeja.

Alternativa de renda

Sabão de coco de macaúbaO gerente da Cooper Riachão explica que a coleta do coco macaúba é feita no período de outubro a março, em um raio de 100 quilômetros da Unidade de Beneficiamento, envolvendo municípios como Mirabela, Montes Claros, Brasília de Minas, Coração de Jesus.

Por ano, a Cooperativa tem faturado mais de R$ 200 mil. Além disso, explica João Elias Soares, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) -, oferece subvenção social a quem trabalha no agroextrativismo, catando produtos nativos, que pode chegar a até R$ 3 mil anuais para cada produtor.

Mais de 400 famílias vivem da atividade na região. São catadores como Joel Gonçalves, de Brasília de Minas. Ele atua no ramo há cerca de cinco anos e encontrou no coco macaúba mais uma alternativa de renda. “Eu coleto o coco macaúba e forneço para beneficiamento na Unidade, que fica a cerca de 35 quilômetros da minha casa. Tem outras pessoas que coletam e também gostam desse trabalho. Eu acho que tem futuro”, aposta.

Com informações de http://www.portalmacauba.com.br/ e http://rsb.org/

Assista aqui o depoimento de Guilherme Romeiro, Gerente Setorial de Suprimento Agrícola da Petrobras Biocombustível: https://youtu.be/4_p-yXQqlvQ

Assista aqui o depoimento do professor e pesquisador Fernando Madeira, da Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig): https://youtu.be/Kb7zo8IfX0A

Fotografias estão disponíveis no Flickr:https://www.flickr.com/photos/codevasf/albums/72157675203149471