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Uso eficiente da água amplia a produção e a área cultivada em perímetros da Codevasf

A agricultura irrigada tem forte impacto na melhoria da qualidade de vida das pessoas. A busca pelo uso eficiente da água nos perímetros irrigados sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) tem alcançado resultados expressivos - como a inclusão social, a geração de emprego e renda e a preservação do meio ambiente -, em regiões do semiárido no Nordeste do Brasil.
publicado: 04/09/2013 15h55, última modificação: 06/10/2023 17h11

A agricultura irrigada tem forte impacto na melhoria da qualidade de vida das pessoas. A busca pelo uso eficiente da água nos perímetros irrigados sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) tem alcançado resultados expressivos - como a inclusão social, a geração de emprego e renda e a preservação do meio ambiente -, em regiões do semiárido no Nordeste do Brasil.

Em visita aos perímetros irrigados de Mandacaru, Maniçoba e Tourão, no município de Juazeiro, na Bahia, e ao perímetro Senador Nilo Coelho, nos municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Casa Nova (BA), todos no Submédio São Francisco, o secretário Nacional de Irrigação, do Ministério da Integração Nacional (MI), Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, destacou que a relação das pessoas que convivem com a seca passa pela irrigação.

“Diretamente, nesta região, nós estamos impactando a vida de quase 500 mil pessoas. Isso mostra a força que o modelo de produção dos perímetros irrigados tem na vida da população. A Codevasf tem um trabalho extraordinário, e o programa Mais Irrigação canaliza um novo modelo de política, que é a retomada da estruturação desse tipo de produção, gerando oportunidades e riquezas para os brasileiros nas regiões mais distantes”, avalia Miguel Ivan Lacerda de Oliveira.

No perímetro de Mandacaru, o uso eficiente da água, a partir da mudança do sistema de irrigação por sulcos para o sistema localizado por microaspersão ou por gotejamento, a depender da cultura de cada agricultor familiar, teve impacto de 52% em termos de economia de água, de 36% em economia de energia, em até 36% na redução dos custos de produção, e ainda contribuíu significativamente para a eliminação da erosão superficial e diminuição do assoreamento no rio São Francisco, entre outras vantagens.

“A Codevasf veio para mudar a vida das pessoas no semiárido. Esse novo sistema foi uma benção. Hoje, mais do que dobramos a produção e conseguimos aumentar a área de plantio”, comemora o agricultor familiar Deuzival Saraiva de Souza. Ele mora no perímetro irrigado de Mandacaru com a mulher e dois filhos desde 1995 e planta principalmente melão e cebola.

O engenheiro agrônomo e analista da Unidade de Projetos e Estudos da 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro (BA), Rodrigo Ribeiro Franco Vieira, explica que a mudança do sistema de irrigação de Mandacaru foi feita em 54 lotes agrícolas familiares - os quais representam quase 400 hectares do perímetro, que conta com área total de 800 hectares.

“Nós adequamos o novo sistema de acordo com o cultivo de cada agricultor familiar. Entre os vários resultados dessa mudança, podemos observar que o índice de produtividade subiu, assim como a qualidade do que é produzido. Na cultura do melão, por exemplo, antes eram colhidas 18 toneladas por hectare; hoje os agricultores conseguem 50 toneladas por hectare", destaca.

Apoio da Ater é fundamental

Deuzival Saraiva de Souza, que recebe também a ajuda do filho mais velho, de 22 anos, na plantação - o mais novo, de 18 anos, ainda estuda -, ressalta a importância da assistência técnica e extensão rural (Ater) oferecida aos produtores do perímetro. “Muito importante o apoio que nós recebemos para nos adaptarmos e ganharmos o conhecimento para começar a produzir. Tem que ter alguém para orientar, para que a gente pegue o ritmo”, diz o agricultor familiar.

O bom aproveitamento da irrigação também tem proporcionado melhorias na qualidade de vida das pessoas no perímetro de Maniçoba. O perímetro, que no início de seu funcionamento, em 1980, contava com uma área irrigada de 4.307 hectares e atendia 289 usuários, ampliou a área irrigável para 8.269 hectares e conta com 516 usuários - entre pequenos, médios e grandes produtores. Hoje, são gerados 5,2 mil empregos diretos em Maniçoba.

“Nasci e me criei nesse lugar. Meu pai era um pequeno produtor e vivia na área de sequeiro, que originou o perímetro de Maniçoba, criando bode e vaca. Se não tivesse a irrigação, essa região estaria totalmente desabitada. A população não iria sobreviver, resistir muito por causa da seca. A irrigação manteve a população aqui e trouxe muita gente de outros estados. Hoje a região tem um crescimento enorme por conta dos perímetros irrigados”, conta o agricultor José Alves da Mota Sobrinho, conhecido como Zé Kouro. Ele cultiva manga e coco em 10 hectares e divide outros 26 hectares de sequeiro com os irmãos.

“O sucesso é investir nas pessoas, dando melhores condições para elas trabalharem. Isso transforma a vida de quem convive com a seca”, afirma o agricultor Abenor Mota da Silva, que produz principalmente manga e maracujá no perímetro irrigado de Maniçoba.

Novas tecnologias

No perímetro de Tourão, com quase 15 mil hectares de área irrigável - 95% ocupada por uma empresa âncora e 5% por agricultores familiares -, a cana-de-açúcar é a cultura predominante. O perímetro tem se destacado pelo arranjo de novas tecnologias para usar de maneira eficiente a água e otimizar a área de irrigação.

“Com a economia dos recursos hídricos, Tourão também apoia com água para consumo humano mais de 20 mil pessoas em várias localidades”, declara o engenheiro agrônomo e gerente-executivo da Associação dos Usuários do Perímetro Irrigado de Tourão, Walter Farias Gomes Junior.

Um dos mais expressivos perímetros irrigados sob responsabilidade da Codevasf, o de Senador Nilo Coelho, ocupa aproximadamente 22 mil hectares, nos municípios de Petrolina (PE) e Casa Nova (BA), e conta com 60 mil pessoas morando nessa área. O destaque é para a fruticultura, com o cultivo de uva, manga, goiaba, entre outras culturas.

“São 60 mil pessoas trabalhando e gerando emprego numa região de semiárido nordestino. Além disso, o bombeamento de água do perímetro de Nilo Coelho abastece diversos municípios, levando água para uma população de mais de 200 mil pessoas. O perímetro gera renda e oportunidade de emprego, como também leva água a várias populações. Se não fosse o bombeamento da água de Nilo Coelho, muitas localidades distantes do rio São Francisco não teriam acesso a água”, pontua o secretário Nacional de Irrigação, Miguel Ivan Lacerda de Oliveira.

Inclusão social e geração de emprego

Agricultores em perímetro irrigado da CodevasfO secretário-executivo da Área de Gestão de Empreendimentos de Irrigação da Codevasf, Frederico Calazans, acompanhou a visita do secretário aos perímetros irrigados e frisou que a Companhia, empresa pública vinculada ao MI, tem fomentado e promovido a inclusão social, além da geração de emprego e renda. “A Codevasf é a mola motriz do desenvolvimento nessa região, com os perímetros de irrigação já implantados e os novos projetos que estão sendo inaugurados, como Pontal e Salitre, além de outras ações que a Codevasf tem executado, a exemplo do programa Água para Todos e dos Arranjos Produtivos Locais (APLs)”, destaca Frederico Calazans.

Também participaram das visitas aos perímetros irrigados de Mandacaru, Maniçoba e Tourão, na área de atuação da 6ª Superintendência Regional da Codevasf, em Juazeiro (BA), e ao perímetro Senador Nilo Coelho, na área de atuação da 3ª Superintendência Regional, em Petrolina (PE), o diretor do Departamento de Irrigação Pública, da Secretaria Nacional de Irrigação (Senir/MI), Pedro Mousinho Carvalho Silva, o assessor da Área de Irrigação da Codevasf, Paulo Liberato, os superintendentes da Companhia, Luiz Manoel de Santana (3ª SR) e Emanoel Lima da Silva (6ª SR), e técnicos da Codevasf e do Ministério da Integração Nacional.

“Vimos o exemplo de como a Codevasf promove o desenvolvimento regional. Os perímetros irrigados, mesmo nesta época de seca, estão fornecendo água para comunidades próximas para diminuir o problema da falta de água, produzindo frutas e gerando emprego e renda para a população do semiárido”, destaca Frederico Calazans.

Mais Irrigação

Coordenado pelo Ministério da Integração Nacional, o programa Mais Irrigação prevê investimentos de R$ 10 bilhões – R$ 3 bilhões em recursos públicos, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), e R$ 7 bilhões em recursos privados. Executado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), pela Secretaria Nacional de Irrigação (Senir) e pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o programa atende 66 projetos em 16 estados.

“No semiárido a irrigação tem impacto enorme na vida das pessoas, tanto quando se leva água para população beber como na geração de produção e emprego. A irrigação é a solução para o semiárido e é isso que o programa Mais Irrigação está fazendo com a ajuda da Codevasf”, afirma o secretário da Senir/MI, Miguel Ivan Lacerda de Oliveira.

A Codevasf, empresa pública vinculada ao MI, é responsável por 32 projetos em sete estados: Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí e Sergipe. O valor investido pela Companhia nesses projetos ultrapassa R$ 1,6 bilhão, o que representa mais de 50% dos recursos públicos do Mais Irrigação. Dos 538 mil hectares do programa, 350 mil ha (65%) estão sob responsabilidade da Codevasf.

O Mais Irrigação incluiu o pequeno e o médio agricultor na cadeia produtiva, garantindo mercado, assistência técnica e preço justo. Os projetos envolvidos nos eixos do programa têm como vocação a produção de biocombustíveis, fruticultura, produção de leite, carne e grãos.

Além de apoiar a agricultura familiar e os pequenos irrigantes, os resultados a serem alcançados pelo Mais Irrigação estão os de maximizar a ocupação e aumentar a produtividade das áreas irrigadas; fazer uso da água de forma eficiente e sustentável; e estabelecer parcerias com o setor privado.

Fotografia: Cássio Moreira / Codevasf