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Barreiros do Água para Todos irão sustentar os animais durante estiagem prolongada

A água que, durante os períodos de estiagem prolongada, irá manter os animais da população rural do semiárido sem sede e alimentados, começa a brotar dos primeiros barreiros construídos pelo programa Água para Todos, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional e executado pela Codevasf em sua área de atuação.
publicado: 30/10/2012 15h34, última modificação: 06/10/2023 17h10

A água que, durante os períodos de estiagem prolongada, irá manter os animais da população rural do semiárido sem sede e alimentados, começa a brotar dos primeiros barreiros construídos pelo programa Água para Todos, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional e executado pela Codevasf em sua área de atuação. Em Pernambuco, primeiro estado a empreender esta vertente da ação, 30 barreiros já foram concluídos – um investimento de R$ 2,5 milhões, até agora, para atenuar um dos temidos efeitos da seca: a morte dos animais que são a fonte de leite e carne das famílias.

“Um barreiro é uma parede artificial feita com a intenção de armazenar a água da chuva. É como uma barragem com proporção reduzida. Essa água armazenada é basicamente destinada aos animais, mas também pode ser utilizada para outras finalidades produtivas”, explica o coordenador do Água para Todos em Pernambuco e engenheiro civil da Codevasf, Leonardo Cruz. Naquele estado, mais 200 estão previstos para serem implantados nesta etapa do programa.

Em localidades do município de Petrolina (720 km de Recife), os oito barreiros que acabam de ser construídos irão beneficiar mais de 800 pessoas da região.

Apesar da falta de chuva, o barreiro do sítio Boa Sorte, localizado em Uruás, localidade de Petrolina, já tem água. Leonardo Cruz explica que essa água surge das escavações feitas no bojo (bacia hidráulica) do barreiro. “Quando chove, uma parte da água fica armazenada no subsolo, sobre rochas impermeáveis e em uma altitude maior que a altitude onde se localiza o barreiro. Logo, essa água desce por gravidade até o barreiro. Neste local é feita uma perfuração, uma espécie de cacimbão que chega até a água da chuva que está no subsolo. Dessa forma, por mais que se retire água desse cacimbão, ele sempre estará sendo preenchido”, explica.

Morador de Boa Sorte, o produtor Raimundo Nonato está feliz com a conclusão da obra. “Esse barreiro não vai ajudar só a mim, vai ajudar muita gente. Se chover, nossos problemas estão resolvidos. Essa água que já tem aí serve pra matar a sede dos animais, são mais de três metros de profundidade”, comemora, acrescentando: “com água muda tudo. A gente não é ninguém sem água. Ninguém é”.

Outro dos barreiros construídos pelo programa em Petrolina está na comunidade de Pau Ferro, interior do município, e apesar de ainda estar seco, já leva esperança aos moradores locais, como é o caso do produtor rural Cícero Rufino. “Estou muito feliz. Primeiro a gente não tinha água. Depois só tinha água de poço. Agora, com qualquer chuva de 100 milímetros esse barreiro vai ficar uma beleza”, aposta Rufino.

Ainda de acordo com o produtor, esse barreiro veio para dar maior conforto a sua família e vizinhos. “A gente vive de plantar e de criar animais. Sem água, como os bichinhos vão sobreviver?”. E completa. “Seca tem desde sempre, o que muda é o que temos hoje. Antes não tinha poço, adutora, muito menos barreiro. A gente tinha que andar dois, seis e até 10 quilômetros pra conseguir trazer água. Era tempo de luta”, lembra.

Maria Neuza, mulher de Cícero Rufino, que era quem na maioria das vezes tinha que fazer essas viagens em busca de água, vibra com a possibilidade de ter água tão perto. “Além de não ter que andar tanto, quando chover a gente vai ter tudo armazenado aí (no barreiro). Vamos plantar capim e alimentar nossos animais”.

Condições técnicas e sociais

Antes de definir onde os barreiros devem ser construídos, técnicos da Codevasf visitam as comunidades do interior e verificam quais os melhores locais para a ação. Condições técnicas, como dados topográficos, e condições sociais, como o número de beneficiários, disponibilidade do proprietário da terra em franquear acesso à água aos moradores no entorno da obra e relatos dos residentes ajudam no processo. Depois de escolhida a localidade, técnicos trabalharam para deixar a obra pronta antes do período das chuvas. “A equipe da Codevasf esteve aqui procurando um lugar para o barreiro, e poucos meses depois já estava pronto. Foi um dia muito bom. Cada litro de água que aparece em uma área como essa é uma graça”, elogia Cícero Rufino, da localidade de Pau Ferro.

Crédito da imagem: Junia Chaves/Ministério da Integração Nacional