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Biocombustível na Codevasf

A reportagem de Wellton Máximo, da Agência Brasil, fala sobre a produção de biocombustível e a participação da Codevasf.
publicado: 16/11/2006 09h42, última modificação: 01/11/2022 14h10

Codevasf vai produzir biocombustível para japoneses

Wellton Máximo

Brasília - A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba(Codevasf) assinou hoje (13) um acordo técnico que permitirá o desenvolvimento da produção de biocombustível em áreas irrigadas de Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco e Piauí. Em parceria com a trading japonesa Itochu
Corporation e com a Companhia de Produção Agrícola (Campo), que atua na
montagem de cooperativas de produção, a Codevasf pretende impulsionar a
produção de álcool de cana e de biodiesel extraído do dendê e do algodão
para o mercado japonês.

Pelo acordo, a Codevasf se compromete a desenvolver as áreas de irrigação
que abrangerão 300 mil hectares às margens dos rios São Francisco e
Parnaíba. A companhia, vinculada ao Ministério da Integração Nacional,
também repassará aos japoneses estudos feitos sobre cana-de-açúcar e
bioenergia para subsidiar os trabalhos.

A Itochu ficará encarregada de fazer os estudos técnicos dos projetos.
Aqueles que tiverem a viabilidade comprovada irão para licitação. Se a
trading japonesa vencer a disputa, o valor gasto com os estudos será
contabilizado como investimento da empresa. Caso outra companhia ganhe a
licitação, a Itochu será ressarcida pelo consórcio vencedor. Se os estudos
não comprovarem a viabilidade, o prejuízo será assumido pelos japoneses.

Comum no setor elétrico, por causa da Lei das Concessões, a terceirização de
estudos técnicos só foi estendida para outros setores da economia pela Lei
de Parcerias Público-Privadas. “A grande vantagem para o governo é que a
Codevasf não terá de desembolsar nada pelos estudos”, explica o presidente
da companhia, Luiz Carlos Farias.

Para Farias, a importância do acordo assinado hoje está em assegurar a
posição do Brasil como exportador de etanol, além de fornecer emprego para
pequenos produtores. “Pela primeira vez, os setores público e privado se
unem num modelo de agronegócio integrado que trará melhorias sociais para o
semi-árido”, afirma.

Na avaliação do diretor de Infra-Estrutura da Codevasf, Clementino Coelho, a
produção de biodiesel permitirá ao Brasil transformar um produto agrícola em
um bem energético. “O álcool é perecível, mas o combustível, não”, ressalta.
Segundo ele, o convênio pode ajudar o Brasil a superar barreiras comerciais
com o Japão. “Atualmente, o álcool brasileiro é sobretaxado da mesma maneira
que as bebidas alcoólicas”, disse.

A empresa vencedora das licitações entrará com o financiamento do projeto e
arcará com a montagem de destilarias e os demais equipamentos de
beneficiamento do biocombustível. A Campo ficará responsável por estruturar
as cooperativas de produção. “A experiência será um referencial no modelo de
agricultura, porque fará uma ponte entre o agronegócio e a agricultura
familiar”, afirma o presidente da Campo, Emiliano Botelho.
Para os japoneses, a participação em projetos de produção de biocombustíveis
é essencial para se antecipar ao governo. Por causa das metas estabelecidas
no Protocolo de Quioto, que prevê a redução da emissão de poluentes nos
países desenvolvidos, o país tornará obrigatória em 2010 a adição de
biocombustível na gasolina.

“Se a adição de for de 3%, o Japão terá de importar 1,8 bilhão de litros de
biocombustível por ano, o que é uma quantia considerável”, estima o
vice-presidente executivo da Itochu, Akira Yokota, que veio do Japão
especialmente para a assinatura do acordo. “Nós queremos assegurar uma fonte
duradoura de etanol e outros combustíveis alternativos”.

Com 824 companhias filiadas em todo o mundo, Itochu Corporation atua em
várias atividades, como telecomunicações, construção e serviços financeiros.
Atualmente, o conglomerado opera 2,2 mil postos de combustível no Japão.