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Remanescente de Quilombo Laje dos Negros

Por:Edneuma Gonçalves de Souza A comunidade de Laje dos Negros está localizada no município de Campo Formoso, no sertão baiano, a 96 km da sede da Codevasf em Juazeiro (BA). É uma comunidade quilombola fundada em meados do século XIX por um escravo negro de nome Luiz José dos Santos, que conseguiu comprar uma terra de um Senhor de engenho, denominado Misael Fagundes, o qual morava na Gameleira, surgindo daí uma rivalidade entre comunidade branca e comunidade negra. Laje dos Negros é marcada por muitos conflitos políticos e étnicos e pela ausência de políticas públicas.
publicado: 25/11/2005 11h00, última modificação: 01/11/2022 14h04

Por:Edneuma Gonçalves de Souza A comunidade de Laje dos Negros está localizada no município de Campo Formoso, no sertão baiano, a 96 km da sede da Codevasf em Juazeiro (BA). É uma comunidade quilombola fundada em meados do século XIX por um escravo negro de nome Luiz José dos Santos, que conseguiu comprar uma terra de um Senhor de engenho, denominado Misael Fagundes, o qual morava na Gameleira, surgindo daí uma rivalidade entre comunidade branca e comunidade negra. Laje dos Negros é marcada por muitos conflitos políticos e étnicos e pela ausência de políticas públicas.

Laje dos Negros faz divisa com o município de Juazeiro (BA), a uma distancia de 120 km, com o qual tem uma forte relação econômica e social. Também faz divisa com o município de Umburanas e por último com o município de Sento-sé, ambos na Bahia.

Possui uma população estimada em torno de 8 mil habitantes na sede do Distrito e somada às localidades de Gameleira, Pedra, Patos, Casa Nova, Abreus, Alagadiço, Borges, Queixo Dantas, Pacuí e Bebedouro, sua população eleva-se para aproximadamente 15 mil habitantes.

A comunidade Laje dos Negros tem uma riqueza natural expressiva: muitas serras, com vários minérios (cromo, cristal) e possui cavernas que constituem um sítio de grande valor científico mundial, que são a Toca da Barriguda, (a 2ª maior do Brasil), Toca do Calor de Cima, Toca do Pitu, Toca do Morrinho e a Toca da Boa Vista, sendo essa, a maior caverna do Brasil e do hemisfério sul e 13ª colocada no ranking das maiores do mundo.

A vegetação da região era exuberante e bastante diversificada, mas os seus recursos naturais vêm sendo depauperados há décadas, resultando no desaparecimento de grande parte da flora e da fauna, com a presença de muitas áreas degradadas.

A região era composta por pequenos rios, que devido aos desmatamentos, acabaram desaparecendo, restando apenas os leitos secos. Apenas na localidade de Gameleira que ainda encontra-se alguns trechos dos rios com água, o único rio perene da região é o Pacuí, que se origina em nascentes situadas a poucos quilômetros a leste da Toca da Boa Vista.

A atividade produtiva principal de Laje dos Negros é a agricultura de sequeiro, com o plantio de mandioca, onde é produzida muita farinha. Também se planta o feijão e o milho. Uma outra atividade expressiva é o cultivo das culturas de renda, como o sisal e a mamona. A comercialização da fibra de sisal é feita sem o beneficiamento, resultando em baixa rentabilidade, e é preciso registrar que essa cultura provoca muitas mutilações nos produtores rurais.

As mulheres trabalham com a palha do licuri, planta nativa da região, produzindo chapéus, vassouras e esteiras, a fim de garantir uma renda mínima para sua sobrevivência. A continuidade desta atividade é importante para a manutenção dos licurizeiros, os quais estão sendo eliminados com os constantes desmatamentos.

São imensas as deficiências na infra-estrutura educacional e na qualidade de ensino, onde a comunidade não dispõe de ensino médio, havendo a necessidade de deslocar-se 96 km de estrada de chão para a sede do município para concluir o 2º grau.

A Superintência da Codevasf em Juazeiro tem feito uma intervenção na comunidade de Laje dos Negros através do programa APL (Arranjo Produtivo Local), que tem como foco a agricultura familiar e as populações fragilizadas. Esse projeto contempla o desenvolvimento da caprinovinocultura e da apicultura, que tem por finalidade a geração de renda, a permanência de mulheres e homens no campo, assistência técnica baseada em princípios agroecológicos, a busca da gestão participativa no planejamento e execução das políticas públicas e o fortalecimento das organizações da sociedade civil.

Em síntese, esses princípios e concepções garantem que o processo de desenvolvimento que se deseja alcançar deva ser centrado nas pessoas e na melhoria de sua qualidade de vida, aliado à preservação da natureza, da preocupação com as gerações futuras e da participação cidadã.