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Semi-árido quer produzir oliveiras

Os perímetros irrigados do rio São Francisco, no alto sertão de Pernambuco e da Bahia, além de trechos de Minas Gerais, poderão se transformar também na região do Brasil a cultivar a oliva em grande escala com o intuito de se produzir azeite no Brasil.
publicado: 03/03/2005 17h40, última modificação: 01/11/2022 14h04

Os perímetros irrigados do rio São Francisco, no alto sertão de Pernambuco e da Bahia, além de trechos de Minas Gerais, poderão se transformar também na região do Brasil a cultivar a oliva em grande escala com o intuito de se produzir azeite no Brasil.

Os testes estão sendo feitos por pesquisadores da embrapa Semi-Árido e técnicos da Companhia de desenvolvimento do vale do São Francisco (Codevasf), sediada em Petrolina, a 680 quilômetros do Recife, com apoio de dois israelenses que estão prestando consultoria ao projeto: um é o professor Shimon Lavee da Hebrea University e do Volcani Center e o outro é Yuval Chen que já presta consultoria a uma empresa argentina.

Eles avaliam o desempenho agronômico de 15 variedades de oliveiras para produção de azeitonas e azeite de oliva, nas condições do semi-árido. A pesquisa pretende trazer e estender para terras brasileiras a fronteira agrícola dessa cultura que se encontra em fase de expansão impulsionada pelo consumo crescente de azeite no mercado internacional.

IMPORTAÇÃO

No Brasil não há nenhum plantio em escala comercial de oliveira. O consumo dos derivados dessa cultura no País é praticamente todo importado. Os importadores brasileiros investem anualmente cerca de US$ 600 milhões para abastecer o mercado interno com 50 mil toneladas de azeite e 35 mil toneladas de azeitona.

 O mercado local é considerado de grandes proporções e, por tratar-se de uma commoditie, a oliveira deverá agregar mais valores ao agronegócio brasileiro, afirma o pesquisador joston Simão Assis, da Embrapa Semi-Árido, As áreas tradicionais de cultivo da oliveira estão ficando esgotadas.

A Península ibérica (Portugal e Espanha) e outros países mediterrâneos da Europa, onde a espécie é secularmente cultivada têm pouca capacidade de ampliar os plantios já existentes. Na América do Sul e Austrália, por outro lado, as oliveiras ganham espaços cada vez maiores. A Argentina, que responde por 70% das importações brasileiras de azeite, já possui 60 mil ha cultivados. O Chile está com 10 mil hectares e tem a meta de chegar a 14 mil há. Na Austrália são 20 mil.

Fora dos paralelos

O Brasil está fora da área delimitada entre os paralelos 30 e 35, onde ocorrem as condições ambientais favoráveis ao cultivo da oliveira no planeta. Nesta região encontram-se os países mediterrâneos e a Austrália. Os pesquisadores e técnicos, porém, estão otimistas com a viabilidade agrícola e econômica da oliveira em terras nordestinas.

Segundo Gonçalves, o Peru também é um país que se encontra fora desses limites e as pesquisas estão conseguindo estabelecer variedades da planta adaptadas às condições climáticas locais.

Por ser planta rústica, de fácil cultivo, que precisa de luminosidade e água, a oliveira parece encontrar no semi-árido as condições adequadas para se desenvolver e produzir de maneira competitiva. O professor Shimon Lavee, da instituição israelense Volcani Center e o presidente do Conselho Internacional da Oliveira, explica que isto não é o bastante para se assegurar do sucesso do plantio comercial dessa planta na região.

Para Lavee, o importante não é apenas o local, mas o seu micro-clima e o manejo do cultivo.A irrigação, por exemplo, será inevitável nos plantios, já que as chuvas da região – média de 400 mm – são muito aquém do necessário ao desenvolvimento das oliveiras. E isto, explica ele, de certa forma é uma novidade entre os sistemas de produção da cultura já que em 95% das áreas com oliveiras, os plantios são dependentes de chuvas e, nos locais com precipitação abaixo de 800 mm, as produtividades são baixas. A pesquisa como a oliveira é parte de um projeto da Embrapa Semi-Árido e Codevasf que prevê a introdução de novas espécies de frutas e de oleaginosas com alto valor agregado para introdução nas áreas irrigadas do semi-árido nordestino.