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Do site ambiente Brasil: transformação de água salobra em potável revoluciona vida no semi-árido nordestino

A dessalinização de água salobra no semi-árido nordestino está revolucionando a vida dos pequenos agricultores da pequena comunidade de Atalho, a 70 km da cidade de Petrolina (PE).
publicado: 18/11/2004 14h55, última modificação: 01/11/2022 14h00

A dessalinização de água salobra no semi-árido nordestino está revolucionando a vida dos pequenos agricultores da pequena comunidade de Atalho, a 70 km da cidade de Petrolina (PE) e foi apresentada nesta quinta-feira (18) por Everaldo Porto, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa, na 1ª Conferência Internacional de Tecnologia Social, que acontece até esta sexta-feira, em São Paulo (SP).

Além de produzir água potável para consumo da população local, o projeto, desenvolvido pela Embrapa com a Codevasf - Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Compesa - Companhia de Abastecimento de Água do Estado de Pernambuco, utiliza os resíduos do processo de dessalinização para criação de peixes e cultivo de uma planta utilizada como ração para animais.

 O sistema integrado de produção de água potável, criação de Tilápia e cultivo de erva-sal para engorda de caprinos e ovinos é uma alternativa para a instalação de processos produtivos em pequenas comunidades rurais do semi-árido.

Desenvolvido a partir de uma pesquisa conduzida pela Embrapa e financiada pela Fundação Banco do Brasil, o sistema foi inicialmente testado em área experimental da empresa. Em outubro de 2003, foi implantado na comunidade de agricultores familiares de Atalho, como forma de elevar a renda e aumentar a oferta de alimento de boa qualidade para as famílias. Cerca de 80% dos poços perfurados na região de Atalho apresentam teores de sais acima do limite aceitável para o consumo humano.

Esta água é tratada por um equipamento de dessalinização. Uma parte é transformada em potável, de boa qualidade para consumo humano. Os rejeitos, no entanto, ficam com níveis muito elevados de concentração de sal, explica o pesquisador. São estes rejeitos que são utilizados para a criação de peixes e para irrigação da erva-sal.

O manejo da criação dos peixes permite a obtenção de quatro safras de Tilápia Rosa por ano. Segundo Everaldo Porto, a Tilápia é um peixe muito resistente a doenças, suporta baixos valores de oxigênio e desova o ano todo nas regiões mais quentes do país, além de possuir uma carne saborosa, com baixo teor de gordura e de calorias e rendimento de filé de aproximadamente 40%.

 O rejeito dos tanques de criação de peixes, fertilizado com o estrume da Tilápia, é utilizado para irrigar a erva-sal. "Essa planta alcança índices produtivos semelhantes ao da alfafa", garante o pesquisador da Embrapa. Sua proteína bruta varia de 12 a 22% e a produção de matéria seca atinge entre 10 e 15 toneladas por hectare por ano.

A ração resulta na engorda de 130g por dia por animal. Para Everaldo Porto ganho importante é a redução do impacto causado pela deposição do rejeito da dessalinização no solo. A tecnologia também é apontada como opção sustentável para apoiar os objetivos dos Programas Fome Zero e Sede Zero, do governo federal. (Mylena Fiori / Agência Brasil)

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