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Da Tribuna da Bahia: fruticultura avança

A partir da década de 70 e principalmente nos anos 80, a produção de frutas na Bahia ganha impulso e se transforma.
publicado: 21/10/2004 06h10, última modificação: 01/11/2022 14h00

A partir da década de 70 e principalmente nos anos 80, a produção de frutas na Bahia ganha impulso e se transforma. A fruticultura na Bahia, desenvolvida de forma moderna e eficiente, constitui-se atualmente em uma grande alternativa de investimento econômico, contribuindo para a geração de renda do segmento agrícola, ampliando a competitividade das agroindustrias de alimentos, possibilitando a criação de novos empregos no setor rural, e permitindo a geração de divisas no enfrentamento da competição internacional.

Durante muitos anos, produtos tradicionais da agricultura baiana, destinados à exportação e ao mercado interno, como o cacau, sisal, mamona, algodão, feijão, milho e mandioca, ocuparam as áreas agricultáveis do Estado e sustentaram a geração de riquezas do setor agrícola.

A partir da década de 1970 e principalmente na década de 80, a produção de frutas se espalhou por quase todas as regiões econômicas do Estado de uma forma moderna, cujos resultados já começaram a serem sentidos no início da década seguinte, quando as principais frutas cultivadas na Bahia já contribuiam com uma participação média no período 1990-1994 de aproximadamente R$400 milhões, superando a contribuição de produtos tradicionais a exemplo do cacau, cana-de-açucar e café. (Frutas: A Caminho de Um Grande Mercado - 1996).

A fruticultura baiana vem se desenvolvendo e elevando a sua produção de ano para ano. Em 2001 quase todas as frutas registraram aumentos de produção. Mesmo considerando alguns aspectos negativos, como aqueles relacionados, por exemplo, com o clima menos chuvoso, cujos reflexos são mais visíveis nas atividades de sequeiro, caso das explorações de laranja e banana.

 Os avanços mais significativos ocorreram justamente nos cultivos irrigados, como abacaxi e uva, que se beneficiaram do período mais seco, e da entrada em produção de áreas novas que vinham sendo formadas. O potencial de área irrigada no Estado é de 1,6 milhão de hectares e a fruticultura lidera o processo de utilização desse potencial, representando mais de 80% dos 280 mil hectares irrigados até o ano de 2001.

Os pólos de agricultura irrigada como Juazeiro, Barreiras, Livramento e Teixeira de Freitas são responsáveis por uma contribuição expressiva para a composição do Valor Bruto da Produção Agrícola, com grande destaque para a região de Juazeiro, que graças à fruticultura constitui-se atualmente em um dos três principais municípios agrícola do Estado, representando cerca de 5% do valor de produção vegetal da Bahia na safra 95/96, segundo os dados do IBGE.

 A fruticultura irrigada do semi-árido resulta da consolidação do conhecimento das práticas de irrigação, propiciadas pelas quase três décadas de investimentos públicos e privados em projetos de irrigação no estado. A irrigação na agricultura nordestina não é um fenômeno novo. O que é novo é o caráter moderno que ela assumiu a partir da implantação dos grandes projetos públicos de irrigação, sob a responsabilidade da Codevasf.

Um padrão moderno que se configura na integração entre a agricultura e a indústria, entre o rural e o urbano. O surgimento de uma produção agrícola integrada à indústria no semi-árido decorre fundamentalmente da intervenção estatal sobre o meio rural da região, via implantação dos projetos públicos de irrigação. Esta ação estatal modernizante buscava reproduzir no semiárido nordestino as transformações vivenciadas na agricultura brasileira, a partir do final dos anos sessenta, o que instaurou uma nova forma de articulação entre a agricultura e a indústria, tornando aquela um mercado consumidor dos produtos desta.

Solidarizando interesses urbanos e rurais, o Estado estruturou todo um aparato de instituições destinadas ao fornecimento de crédito rural, à prestação de assistência técnica e à pesquisa agropecuária. A ação estatal de promoção deste espaço econômico modernizado no semi-árido comportou iniciativa das mais diversas, localizadas principalmente na região do Baixo Médio São Francisco.

Como resultado da introdução da irrigação, repercussões profundas se fizeram sentir no ambiente sócio econômico das áreas beneficiadas. Os aspectos mais visíveis desta transformação sobre a produção e o processo produtivo se evidenciam na introdução de culturas não tradicionais, de alto valor comercial e que exigem a incorporação de modernas técnicas de cultivo e irrigação, sendo destinadas inclusive à exportação e/ou processamento industrial.