Geotecnologias aplicadas aos projetos públicos de irrigação
Alberto do Nascimento Silva
Ricardo Barros Vieira
As geotecnologias são o conjunto de instrumentos e técnicas para coleta de dados, armazenamento, processamento, análise e disponibilização de informação, além da realização de tarefas, em um determinado espaço (alvo) no tempo definido, dentre as quais se destacam ferramenta para obtenção de imagens à distância (sensoriamento remoto), um conjunto eletrônico de suporte lógico (hardwares e softwares), ou Sistema de Informação Geográfica (SIG), associado ao Sistema de Posicionamento Global por satélite (GPS).
O uso dessas tecnologias tem aumentado significativamente nos diversos segmentos produtivos, com destaque para o setor agropecuário. Nos Projetos Públicos de Irrigação (PPI’s), estudos feitos nos últimos anos evidenciam o potencial dessas ferramentas para auxiliar em diversas atividades como monitoramento hídrico dos PPI’s, manejo de irrigação, manejo fitossanitário das culturas e no manejo da fertilidade do solo, contribuindo para redução de custos, riscos de danos e ou impactos ambientais negativos.
Figura 1: Evapotranspiração anual (mm ano-1) no perímetro irrigado Nilo Coelho, situado em Petrolina-PE
Fonte: Teixeira et al. (2009).
Um exemplo de aplicabilidade de ferramentas geotecnológicas para monitoramento hídrico dos PPI’s, é a utilização do sensoriamento remoto via satélite, para quantificação da Evapotranspiração (ET), em larga escala, conforme estudo feito por Teixeira et al. (2009), no projeto de irrigação Nilo Coelho (Figura 1). Tais dados são fundamentais para avaliação da situação hídrica do projeto irrigado, contribuindo para evitar o excesso e a deficiência hídrica.
Para o manejo fitossanitário, têm sido utilizados veículo aéreo não tripulado (VANT’s), para detecção e monitoramento da incidência e severidade de doenças de forma rápida e eficiente. Como exemplo, essa ferramenta tem sido utilizada com sucesso para monitoramento de sigatoka-amarela na cultura da banana (Calou, 2018), como pode ser observado na Figura 2. O monitoramento dessa doença, pelos métodos tradicionais, exige tempo, mão de obra e infraestrutura especializada, além de não considerar a variabilidade espacial da incidência/severidade da doença no lote.
Figura 2: Mapa temático com avaliação da incidência de sigatoka amarela em área de banana
Fonte: Calou (2018).
As ferramentas que compõe as geotecnologias têm capacidade de auxiliar tanto na gestão e monitoramento da produção dos PPI’s, quanto no enfrentamento dos desafios constantes vivenciados pelos produtores para o desenvolvimento sustentável da agricultura, apresentando elevado potencial para incrementar a produtividade, reduzindo riscos, custos e insumos e possibilitando que tais projetos continuem cumprindo a sua missão de promover o desenvolvimento socioeconômico para suas regiões.
Referências
Calou, V.B.C. Uso de VANT’s no monitoramento da sigatoka-amarela da bananeira. 2018. Tese (Doutorado), Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.
Teixeira, A.H.C; Boratto, I.M.P; Brito, R.A.L; Avellar, G. Determinação da evapotranspiração regional usando parâmetros de sensoriamento remoto e dados de evapotranspiração de referência. In: Anais do Congresso Brasileiro de Agrometeorologia, Belo Horizonte – MG, 2009.