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O Pioneirismo do Mogno Africano

por Valeria Rosa Lopes publicado 13/09/2021 15h44, última modificação 17/08/2023 19h06

 

Fernanda Saab

No cenário atual, com alta demanda por madeira de qualidade, tanto no mercado interno quanto no externo, onde as áreas de florestas nativas que podem ser exploradas no Brasil e no mundo tendem a diminuir — tanto por esgotamento dos estoques naturais quanto por limitações de exploração face ao aumento das pressões ambientalistas globais e da legislação ambiental mais restritiva e rígida — o Mogno Africano, espécie que produz madeira bastante parecida com a do Mogno Brasileiro (Swietenia macrophylla), surge como alternativa para atendimento do mercado consumidor.

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Figura 1: Colheita de mogno no Projeto Gorutuba.
Fonte: meta Agropecuária, 2021.

O Mogno africano é uma árvore de madeira nobre destinada ao mercado moveleiro e de alta decoração, e como o cultivo comercial em grande escala é novo no Brasil, surgem várias dúvidas e expectativas a respeito.

O Projeto de Irrigação Gorutuba (PGO), em Minas Gerais, recebeu a iniciativa pioneira do plantio comercial do Mogno Africano em 2008 com uma área de aproximadamente 300 ha compondo os 1.000 hectares plantados do empreendimento.

Segundo o empresário Raphael Cruz responsável pelo empreendimento no PGO, a iniciativa de plantio do Mogno Africano no Brasil iniciou no estado do Pará com o plantio de poucas árvores que foram comercializadas para a Tramontina, mas atualmente o projeto instalado no PGO é o mais antigo e consistente, com 13 anos de plantio.

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Figura 2: Transporte das toras de mogno colhidas no PGO.
Fonte: Meta Agropecuária, 2021

O cultivo no PGO é irrigado, condição essa essencial para a sucesso do cultivo na região semiárida, pois as árvores morrem caso não sejam irrigadas, já as pragas mais comuns são a “lagarta da seda”, que ataca a copa, as brocas que atacam o tronco diminuindo a qualidade da madeira e os fungos, como o cancro que ataca a casca das árvores.

Para grandes projetos, o recomendável é o plantio inicial de 400 árvores por hectare com previsão de desbaste de 100 árvores com 9 - 10 anos de plantio e um segundo desbaste, de mais 100 árvores, com 12-13 anos, chegando a uma lotação de 200 árvores por hectare que serão cortadas com aproximadamente 15-18 anos, ao atingirem 60 cm de Diâmetro na Altura do Peito (DAP).

Para pequenos produtores, é recomendado o plantio de aproximadamente 80 árvores por hectare com espaçamento 12x12 sem previsão de desbaste, que é um procedimento caro e que exige grande capacidade de comercialização, considerando o grande grau de exigência do mercado consumidor.

O cultivo no PGO teve o primeiro desbaste em 2018 com rendimento de 30m3/ha a de madeira e em 2021 foi realizado o segundo corte onde as árvores atingiram em média 25cm de DAP, com rendimento médio de 70m3/ha.

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Figura 3: Madeira serrada de Mogno colhido no PGO.
Fonte: Meta Agropecuária, 2021.

O empresário Raphael Cruz relata ainda a necessidade de um serviço de serraria de alta qualidade para garantir as características desejadas para o produto, uma vez que a comercialização da madeira em toras não é interessante devido à desvalorização de aproximadamente 50% em ralação à madeira em tábuas. Em sua visão, o plantio comercial do Mogno Africano é um investimento que requer um bom planejamento de manejo, para o alcance dos volumes e qualidade de madeira desejada sob o risco de não se alcançar o retorno econômico esperado.

Quando há sucesso no manejo da floresta, garantindo a qualidade da madeira, incluindo o serviço de serraria especializado e de qualidade, a expectativa é de um retorno econômico com valores médios de R$ 2.000,00 o m3 de tábuas, para o setor moveleiro e de alta decoração.