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Codevasf investe em tecnologia, equipamentos e pesquisa para fortalececer caprinovinocultura no semiárido baiano

Cerca de R$ 8,4 milhões estão sendo investidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para desenvolver a caprinovinocultura no semiárido baiano desde 2012. O esforço envolve desde a ampliação dos rebanhos e a aquisição de máquinas forrageiras e ensiladeiras, até a reforma do Centro de Capacitação em Bases Tecnológicas para o Semiárido (Cebatsa), passando pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Palma Forrageira, o Repalma, voltado para garantir a segurança alimentar animal.
publicado: 01/04/2015 11h30, última modificação: 01/11/2022 14h32

Cerca de R$ 8,4 milhões estão sendo investidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para desenvolver a caprinovinocultura no semiárido baiano desde 2012. O esforço envolve desde a ampliação dos rebanhos e a aquisição de máquinas forrageiras e ensiladeiras, até a reforma do Centro de Capacitação em Bases Tecnológicas para o Semiárido (Cebatsa), passando pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Palma Forrageira, o Repalma, voltado para garantir a segurança alimentar animal.

As ações fazem parte do eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil sem Miséria, com recursos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI) e convênio com a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do Estado da Bahia (Seagri).

Somente no Repalma são aproximadamente R$ 6,6 milhões em execução na Bahia, em parceria com a Seagri, um projeto tocado no âmbito da 2ª e 6ª superintendências regionais da Codevasf (sediadas respectivamente em Bom Jesus da Lapa e Juazeiro). O objetivo é promover uma rede de multiplicação de palma forrageira, garantindo a segurança alimentar do rebanho de ovinos e caprinos de agricultores familiares, principalmente nos períodos de estiagem. Serão beneficiadas em torno de 6 mil famílias de produtores em 115 municípios baianos.

Outra vertente de ação da Codevasf na Bahia é dotar os produtores familiares de um conjunto de equipamentos e acessórios para trituração de mandioca, palma, milho, capim, cana e sorgo, oferecendo assim condições de armazenamento da alimentação necessária para que os rebanhos e criações sobrevivam às estiagens. São as máquinas ensiladeiras e forrageiras, um investimento de aproximadamente R$ 1 milhão da Codevasf para beneficiar cerca de 100 associações de pequenos criadores, muitos deles situados em áreas de sequeiro, nas regiões do Médio e do Submédio São Francisco.

O conjunto de equipamentos é composto por um motor a diesel montado em base móvel, um conjunto composto por ensiladeira e forrageira, um picador de plantas, polias e correias necessárias para a alternância entre as funções da máquina.

“A pecuária no Submédio São Francisco apresenta forte influência na atividade econômica desenvolvida pela agricultura familiar, com destaque para a criação de pequenos ruminantes e também aves. Os criadores desta região têm sofrido com longos períodos de estiagem que ocorrem ciclicamente. Nós estamos buscando oferecer uma melhor convivência com a escassez de alimentos para o rebanho e, para isso, é indispensável o processamento de forragens para produção de feno e/ou ensilagem de forma adequada para o armazenamento de forragens para a estação de seca”, afirma Priscila Martinez, da Gerência Regional de Revitalização da 6ª Superintendência Regional da Codevasf.

cabra 02Cebatsa

O Centro de Capacitação em Bases Tecnológicas para o Semiárido (Cebatsa), em Itaguaçu da Bahia, teve sua reforma totalmente concluída pela Codevasf no ano passado. O investimento foi de aproximadamente R$ 710 mil e recuperou a estrutura física do centro, que agora está pronto para capacitar técnicos e produtores familiares e realizar pesquisas agropecuárias, além da validação de tecnologias e atualização em manejos alimentar, sanitário e reprodutivo voltados para a melhoria dos índices zootécnicos da produção animal.

O espaço tem condições de atender cerca de 500 alunos por ano e já capacitou cerca de três mil jovens e produtores rurais de mais de 25 municípios da região em manejo alimentar, sanitário e reprodutivo de ovinos e caprinos. Além das instalações de alojamentos, refeitório, centro de convivência, salas de aula e auditório, possui também espaços destinados ao manejo e produção dos animais, distribuídos em uma área de 310 hectares.

“O centro tem sua importância pautada no desenvolvimento de tecnologias de convívio com a seca. Lá são produzidos animais que, mesmo em condições adversas de meio ambiente conseguem converter a baixa disponibilidade de pasto em carne e leite. Isso permite aos sertanejos a segurança alimentar, uma vez que esses animais alimentam famílias com riquíssima proteína”, afirma Luiz Alberto Barbosa, chefe do escritório da Codevasf em Irecê.

O principal objetivo do Cebatsa é desenvolver tecnologias adaptadas à convivência com o semiárido e disseminar as tecnologias para as pequenas propriedades familiares na região, priorizando aquelas que trabalham com a atividade da caprinovinocultura.

“O Cebatsa é uma referência e tem muita importância na questão tecnológica para os pequenos criadores na cadeia da caprinovinocultura, pois nos auxilia com ensinamentos sobre o manejo com esses animais na região e também sobre a fabricação da alimentação à base de feno. Tudo isso é importante para o sucesso desse tipo de criação na Caatinga”, diz João Estevam, presidente do Conselho de Associações da região. Desde 2012, foram doados 689 caprinos e ovinos oriundos do Cebatsa para associações comunitárias da região.

“A região investe alto na aquisição desses pequenos animais, totalmente adaptados ao clima, tipo de alimento disponível, temperaturas e falta baixa disponibilidade de água. E a Codevasf, por meio de suas ações, vem fortalecendo a pecuária familiar, com cursos de capacitação, material didático de primeira qualidade (Manual de Criação de Caprinos e Ovinos, produzido pela Companhia), animais geneticamente adaptados e melhorados e máquinas forrageiras, principalmente para a produção de reserva estratégica de alimentos”, diz Roberta Almeida, técnica da Codevasf no escritório de Irecê.

cabra 03Pastagens cultivadas

Rosangela Soares, zootecnista e chefe da Unidade de Arranjos Produtivos da Codevasf, explica que o rebanho caprino do Cebatsa é composto por animais sem raça definida (SRD), predominantes na região, mas que também são trabalhadas geneticamente as raças produtoras de leite – como Alpina, Saanen, Canindé, Toggemburg e Murciana – e raças produtoras de carne – Nambi, Anglo Nubiana, Boer e Mambrina. Já o rebanho ovino é composto por animais das raças Santa Inês e Rabo Largo.

“Os animais são criados em áreas de Caatinga e em pastagens cultivadas, além de receberem suplementação alimentar nos períodos de estiagem com culturas anuais, como sorgo, milho, mamona, girassol, cunhã, guandu e plantas nativas. A manutenção de toda essa infraestrutura é necessária para disponibilizar animais de qualidade aos agricultores familiares, como também nas capacitações teóricas e práticas”, afirma Rosangela Soares.

A partir de 2012, o centro ganhou ainda mais importância por fazer parte da Rota do Cordeiro – uma parceria da SDR/MI com a Codevasf, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e governos estaduais. O objetivo é promover a inclusão produtiva e a integração econômica das regiões menos desenvolvidas do país aos mercados nacionais e internacionais de produção, consumo e investimento.

Além de proporcionar às comunidades do semiárido um incremento na renda, a ação permite a criação e manutenção de postos de trabalho, fortalecimento da cultura e a identidade local e estímulo ao consumo da carne de cabrito e cordeiro.

Caprinos e ovinos

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a caprinocultura e a ovinocultura têm se destacado no agronegócio brasileiro. A criação de caprinos, com rebanho estimado em 14 milhões de animais distribuído em 436 mil estabelecimentos agropecuários, colocou o Brasil em 18º lugar do ranking mundial de exportações.

Grande parte do rebanho caprino encontra-se no Nordeste, com ênfase para Bahia, Pernambuco, Piauí e Ceará. A ovinocultura tem representatividade na região Nordeste e no estado do Rio Grande do Sul. Carne, pele e lã estão entre os principais produtos. A produção de leite de cabra é de cerca de 21 milhões de litros e envolve, em grande parte, empresas de pequeno porte. Já a ovinocultura leiteira no país, afirma o MAPA, apresenta potencial para a produção de queijos finos, muito valorizados no mercado. 

Segundo a Embrapa Caprinos e Ovinos, a criação no Nordeste brasileiro é praticada desde a colonização, principalmente pelo fato desses animais serem mais adaptados às condições ambientais e climáticas desfavoráveis do que a maioria das outras espécies. A região está em mais de 80% coberta pela vegetação nativa da Caatinga – tipo de vegetação utilizado como a principal fonte de alimentação para a maioria dos rebanhos.

A gerente de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, Izabel Aragão, destaca que o potencial produtivo da região Nordeste é evidente e que o agronegócio da carne e do leite tem movimentado o mercado, mas existem grandes desafios a serem superados. “A Companhia busca identificar quais as dificuldades e as oportunidades de desenvolvimento das cadeias produtivas para depois definir as ações prioritárias para o setor”, explica.

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