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Alimentação animal é tema de dia de campo no Pontal Sequeiro, sertão de Pernambuco

Cerca de 30 produtores participaram do primeiro Dia de Campo do Pontal Sequeiro, nesta quarta-feira (18). O projeto Pontal Sequeiro, implantado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para beneficiar produtores familiares de fora da área irrigada do Projeto Pontal, em Petrolina, no sertão pernambucano, aproveitou a vocação da região – que tem como foco a criação de caprinos e ovinos – e destinou lotes para famílias nativas da região, agora instaladas em áreas que dispõem dos chamados pulmões verdes. Atualmente existem cinco pulmões verdes em operação no Pontal Sequeiro, numa área de aproximadamente 60 hectares, onde cerca de 50 produtores nativos vivem e produzem. Os pulmões verdes são áreas irrigadas destinadas à produção de forragem (alimento animal).
publicado: 18/06/2014 18h30, última modificação: 01/11/2022 14h31

Cerca de 30 produtores participaram do primeiro Dia de Campo do Pontal Sequeiro, nesta quarta-feira (18). O projeto Pontal Sequeiro, implantado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para beneficiar produtores familiares de fora da área irrigada do Projeto Pontal, em Petrolina, no sertão pernambucano, aproveitou a vocação da região – que tem como foco a criação de caprinos e ovinos – e destinou lotes para famílias nativas da região, agora instaladas em áreas que dispõem dos chamados pulmões verdes. Atualmente existem cinco pulmões verdes em operação no Pontal Sequeiro, numa área de aproximadamente 60 hectares, onde cerca de 50 produtores nativos vivem e produzem. Os pulmões verdes são áreas irrigadas destinadas à produção de forragem (alimento animal).

O dia de campo abordou a ensilagem, que é o método utilizado para o armazenamento de forragem para períodos de estiagem. O treinamento focou dois tipos de forragem que estão sendo produzidas nos pulmões verdes do Pontal Sequeiro: o sorgo e a mandioca. O dia de campo serviu para reforçar a capacitação que os produtores já recebem no dia a dia por meio da assistência técnica contratada pela Codevasf.

Josikley de Souza Rodrigues, que tem uma área num dos pulmões verdes do Pontal Sequeiro, avaliou como “de grande importância” o aprendizado que teve no dia de capacitação. “O sistema de ensilagem e fenação, temos aperfeiçoado cada vez mais para a criação. Para mim, o caminho é esse. Éramos 'leigos', criávamos os animais soltos, sem muita noção, só por vocação mesmo. Com o apoio da Codevasf, isso melhorou muito e a gente espera que ela mantenha ainda por muito tempo essa assistência técnica”, assinalou Josikley.

Com a assistência técnica da Codevasf, os produtores do Pontal Sequeiro passaram a aproveitar melhor o solo semiárido, com novas oportunidades de renda e tendo como aliada a tecnologia apresentada pelos especialistas e técnicos que atuam no programa.

Clarice Menezes mora na comunidade de Volta da Carolina e, apesar de não ter uma área de pulmão verde, é uma das beneficiadas com o Pontal Sequeiro. Ela cria animais e produz queijo de cabra na queijaria montada na região com o acompanhamento dos técnicos da Codevasf. “É importante aprender como guardar o alimento do animal, para a gente que cria e que vive da criação, porque estiagem a gente sabe que vai ter sempre. Então, quando guarda, sabe que não vai ter preocupação. O importante é aprender para se prevenir para o futuro”, destacou a produtora.

Dia de CampoO engenheiro agrônomo Leonardo Wilker orientou os produtores sobre a melhor forma de plantar as forrageiras e, assim, garantir uma produção que atenda à necessidade do produtor – que também poderá comercializar na região do entorno do Pontal e até para produtores de outras regiões.

“A gente emprega a tecnologia ao que os produtores já fazem aqui, que é plantar. Então, nesse dia de campo, orientamos sobre como plantar melhor, da forma correta, para produzir mais e com menor custo”, explicou Leonardo. A melhor maneira de se fazer uso do adubo foi um dos pontos abordados por Leonardo.

“Hoje a gente escuta uma frase que nos agrada muito. Os produtores costumam dizer que tem mais alimento do que animal, diferente de quando chegamos há três anos, num ano de seca. E como existe excesso de produção, regiões ao longo do Pontal também estão se beneficiando, porque o excesso da produção do pulmão verde é vendido e retorna para ele como renda. Com isso, a produção da forragem está saindo praticamente a custo zero, porque ele alimenta o animal para o abate, que é o que interessa”, explicou Leonardo Wilker.

Mandioca

O engenheiro agrônomo Cândido Roberto falou da importância da mandioca como forrageira. “Estamos mostrando que hoje a mandioca tem outra importância econômica. A raspa dela, que é a forma usada para alimentar o animal, tem valor nutritivo semelhante ao do milho, e tem potencial econômico até maior que a raiz vendida para o consumo humano”, revelou o engenheiro agrônomo. No pulmão verde, a mandioca pode ser colhida em média com oito meses, enquanto que no cultivo no sequeiro o tempo de colheita é de um ano, aproximadamente.

O coordenador da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do Pontal Sequeiro, o veterinário Clóvis Guimarães, avaliou que a produção dos pulmões verdes veio para aliviar os criadores na época de estiagem. Guimarães foi o orientador no dia de campo sobre a maneira de se preparar os silos de sorgo. “Os pulmões verdes têm aliviado a tensão do produtor nas épocas de seca. Para alimentar seu rebanho, eles não vão mais precisar olhar para o céu para saber se vem chuva ou não”, disse.

O coordenador conta que forragens como milho, sorgo, mandioca e feijão-guandu já estão praticamente no quarto corte no pulmão verde do Pontal Sequeiro, onde o plantio foi iniciado em outubro do ano passado. Mas, de acordo com ele, existem ainda apostas de outros tipos, como a palma forrageira na variedade mexicana, que é mais tolerante à praga que dizimou o plantio da palma no Nordeste; e ainda o capim e o sorgo, que vêm sendo plantados fora da área dos pulmões verdes. 

“Esse é o formato. A gente ajuda o produtor no pulmão verde e amplia sua renda com a orientação dada em sua área de sequeiro. Com um lote de 50 hectares, mais o pedaço do pulmão verde, isso gera uma renda de até cinco salários mínimos por produtor”, calculou o coordenador. Para ele, o formato do Pontal com o modelo do Pontal Sequeiro é o objetivo do trabalho da Codevasf em Petrolina. “A palavra de ordem é integrar para a convivência sustentável com o semiárido, é a integração das áreas de sequeiro com as áreas irrigadas – e os pulmões verdes são instrumento para essa integração”, destacou.

Veja fotos no perfil da Codevasf no Flickr:
https://www.flickr.com/photos/codevasf/sets/72157645284634403/