Você está aqui: Página Inicial > Notícias > 2023 > Debate sobre racismo e raízes da desigualdade mobiliza Codevasf no Mês da Consciência Negra
conteúdo

Notícias

Debate sobre racismo e raízes da desigualdade mobiliza Codevasf no Mês da Consciência Negra

publicado: 24/11/2023 12h26, última modificação: 24/11/2023 12h42

CogerdO mês da Consciência Negra foi celebrado na última quarta-feira (22) na sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em Brasília (DF), com um debate sobre o racismo e as raízes da desigualdade em mais uma edição do projeto “Consciência para Mudança”. O evento foi o ponto alto das celebrações, que ocorreram em várias unidades da empresa durante todo o mês de novembro com atividades artísticas, culturais e lúdicas que reafirmaram o compromisso da Companhia e de seu corpo técnico com o combate ao racismo e com a promoção de um ambiente de trabalho livre da discriminação e com igualdade de oportunidades.

Organizado pelo Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Diversidade (Cogerd) da Codevasf, o evento foi aberto pelos diretores de Gestão de Empreendimento de Irrigação da Companhia, Luís Napoleão Casado, e pelo diretor de Revitalização e Sustentabilidade Socioambiental, José Vivaldo Mendonça, que representaram o diretor-presidente da empresa, Marcelo Moreira. O debate foi conduzido pela vice-presidente do Cogerd, Izabel Sena.

“Essa discussão sobre racismo e desigualdade deve ser permanente. Essa diversidade de pensamento e essa coragem de fazer com que a prática seja um exemplo e não somente um discurso tem que ser real. Queremos ser um instrumento para que possamos trazer igualdade e justiça social”, afirmou José Vivaldo Mendonça.

Já o diretor de Gestão de Empreendimento de Irrigação apontou a discriminação racial como uma questão que deveria ter sido superada na sociedade moderna, mas que, infelizmente, continua a estar presente. “Nós, enquanto sociedade, já deveríamos ter evoluído bastante. Ainda precisamos avançar bastante nesse enfrentamento. Nós temos responsabilidade com esse país e com o mundo que queremos para as futuras gerações”, defendeu Luís Napoleão Casado.

A abertura também contou com a participação da chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR), Natalia Mori; da chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), Anna Karla da Silva; e do diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Yuri Silva.

A chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do MIDR abordou a importância de espaços como o evento organizado pelo Cogerd/Codevasf para o enfrentamento do racismo e da discriminação racial. “Nós estamos numa semana muito importante. O 20 de Novembro representa um momento de reconhecimento da consciência negra. Esses não são apenas eventos ou datas, mas sim processos de luta e reconhecimento que a sociedade brasileira possui marcadores de desigualdades, como o racismo. Reconhecer essas desigualdades é importante na hora da formulação de políticas públicas. A desigualdade regional também é racial”, ressaltou Natalia Mori.

A avaliação foi compartilhada pela chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do MDH. “Quando estamos falando de raça, de classe e de gênero, estamos falando da maioria do povo brasileiro. Ao se formular uma política pública, se não pensamos nessas questões, estamos diante de uma política pública já falha em sua essência, porque não estamos pensando em uma entrega que vai atingir a maioria da população. Então falar de gênero, de raça, significa construir políticas públicas com ou sem qualidade”, declarou Anna Karla da Silva.

O diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo do MIR apontou que a área de atuação da Codevasf, especialmente as bacias hidrográficas do rio São Francisco e do rio Parnaíba, é um território formado por populações e comunidades tradicionais majoritariamente negras, como ribeirinhos e quilombolas, e que essa é uma das razões de existir e um dos focos da missão da empresa. “A Codevasf é também um órgão de promoção da igualdade racial, pois trata com pessoas e populações vulneráveis e leva no seu nome a palavra desenvolvimento. E só é possível debater desenvolvimento no Brasil quando se fala no acesso da população negra aos espaços de poder econômicos, sociais e políticos”, argumentou Yuri Silva.

A presidenta do Cogerd/Codevasf, Viviane Santos, destacou o papel do Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Diversidade da Companhia. “O Cogerd é uma porta de diálogo para que diversos outros temas como, por exemplo, acesso a cargos de liderança por segmentos tidos como minorias sociais, a execução de políticas públicas que atendam esses segmentos e as práticas e comportamentos dos empregados, para que possamos ter uma cultura organizacional mais saudável. Esse é um comitê transversal que pretende trazer um debate maior para que as ações da empresa cheguem nas populações mais vulneráveis”, explicou.

Repare as diversidades

Repare as diversidadesPara fomentar o debate acerca do racismo e das raízes da desigualdade, o Cogerd convidou a plataforma Google para apresentar a pesquisa “Repare as Diversidades” realizada pela organização em parceria com as empresas Box1824, Quantas e Datafolha, um estudo inédito no país que levantou dados quantitativos sobre as populações LGBTQIAP+, pessoas com deficiência (PCD), pessoas negras, pessoas acima de 60 anos, mulheres e suas interseccionalidades a partir de entrevistas com mais de duas mil pessoas.

Com foco na diversidade racial e na questão da exclusão das pessoas negras de espaços sociais, a exposição foi realizada pela gerente de Contas Governamentais do Google no Brasil, Marjory Kumabe, que destacou em números a realidade do racismo no país.

Um dos dados identificados na pesquisa revelou que seis em cada dez pessoas negras já sofreu violência ou discriminação na sociedade brasileira por conta de questões raciais. O estudo ainda apontou que as mulheres pretas são as maiores vítimas da violência racial e da discriminação em espaços públicos, na escola, na família, no trabalho, em espaços de consumo e em de saúde.

Outro dado que assustou os participantes do debate foi que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. “Desde que inicie essa palestra aqui na Codevasf, um jovem negro acabou de ser assassinado em algum lugar do país, pois a chance de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil é 2,5 vezes maior do que a de um jovem branco”, afirmou a gerente do Google Brasil.

Além da gerente de Contas Governamentais do Google no Brasil, a exposição foi acompanhada pela especialista de Insights da plataforma, Maria Dafne.

Novembro Negro nas Superintendências Regionais

Cogerd CodevasfNas Superintendências Regionais, o Cogerd realizou uma série de eventos alusivos ao Novembro Negro. Em Montes Claros (MG), foi montada a exposição fotográfica “Retratos Quilombolas”, com fotos de Hemerson Charles. A mostra acontece até o final do mês nas dependências da Codevasf, contando com o apoio do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf).

Em Petrolina (PE), foi promovida uma série de debates com o objetivo de ampliar o combate a discriminação racial nos ambientes públicos. No dia 16, foi realizada a palestra “Racismo Estrutural nas Instituições Públicas Federais e o processo de aquilombamento nessas empresas”, ministrada pela presidente da Associação Quilombos de Pernambuco e suplente ao senado, Márcia do Angico. A programação do mês também contou com palestras da presidente da Unegro (Juazeiro-BA), professora Queila Patrícia e do vereador de Petrolina, Gilmar Santos.

Já em Aracaju, a Codevasf promoveu, no dia 14 de novembro, uma Roda de Conversa com empregados e empregadas da Codevasf, estagiários e estagiárias, jovens aprendizes e terceirizados sobre os temas Racismo Estrutural e Mulher Negra e sua relação com o trabalho. O evento contou com a facilitação da psicóloga Eleonora Vaccarezza Santos e da procuradora Federal Gilda Diniz.

Em Maceió (AL), a Companhia promoveu uma série de palestras durante o mês de novembro com os temas "Racismo Institucional e o mercado de trabalho”, “A importância do Afro Turismo na geração de emprego e renda” e “Consciência Negra - Orgulho de ter a pele preta - Uma reflexão”. Além disso, foi montada uma exposição fotográfica com a temática da cultura negra.

Em Juazeiro (BA), a programação contou com a parceria do Sinpaf. Foi realizado o 8º Simpósio sobre Especificidades Científicas do Labor Desenvolvimentista Regional com o tema “Racismo nas relações de trabalho”. Foram proferidas palestras sobre “Movimento negro brasileiro: historiografia de lutas pela inclusão social, combate ao racismo e desigualdade no mercado de trabalho”; “Racismo Institucional” e “Existe efetividade na instrumentalização de combate ao racismo na legislação brasileira?” Foi montada também uma exposição fotográfica com gravuras que mostram funcionários e colaboradores participando de um momento dedicado à valorização da beleza negra durante uma oficina de maquiagem africana.

Já em Macapá (AL), foram montados dois painéis, sendo o primeiro para produção de fotos para as redes sociais e segundo utilizado para frases e fotos de personalidades. Além disso, foi organizada uma exposição de vídeos e apresentação de poesia cantada de autoria dos empregados na sede da superintendência regional.

Em Natal (RN), sede da 12ª, foi realizado um evento que contou com a participação da presidente da Associação Quilombola dos Moradores de Capoeiras, em Macaíba (RN), Liliane Moura, apresentando a “Rota de Turismo no Quilombo Capoeiras”. A programação contou com dança afro e feira de iguarias da culinária afro-brasileira.