Notícias
Dia de campo promovido pela Codevasf encerra capacitação em piscicultura sustentável
Um dia de campo no perímetro irrigado Itiúba, mantido pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Porto Real do Colégio (AL), encerrou as atividades do curso “Boas Práticas de Manejo para a Piscicultura Sustentável nas Bacias dos Rios São Francisco, Parnaíba, Itapecuru e Mearim”.
A iniciativa da Codevasf capacitou piscicultores familiares do Baixo São Francisco alagoano e sergipano e profissionais que prestam assistência técnica e extensão rural (Ater) nos estados de Alagoas e Sergipe, além de técnicos da Codevasf que atuam nas áreas de aquicultura e recursos pesqueiros, para que promovam uma piscicultura sustentável com eficiência no uso da água diante do cenário atual de crise hídrica em diversas bacias hidrográficas do Brasil, a exemplo da bacia do rio São Francisco.
O curso foi ministrado pelo consultor técnico Fernando Kubitza, mestre em Nutrição Animal, doutor em Aquicultura e pesquisador-convidado da Universidade de Alburn (EUA), uma das maiores autoridades na área de aquicultura do país.
Entre os conteúdos trabalhados estiveram os fundamentos de boas práticas de manejo, de controle da qualidade da água, da nutrição e alimentação dos peixes, do manejo da despesca, do manuseio e classificação dos peixes, práticas de manejo sanitário preventivo, transporte de peixe vivo e boas práticas para o uso racional e eficiente da água e redução no aporte de efluente das pisciculturas.
“Todos esses conteúdos transmitidos e discutidos com os participantes do curso tiveram como foco a promoção de boas práticas de manejo, visando melhoria nos resultados produtivos e sustentabilidade da produção”, afirmou Kubitza após a conclusão das atividades.
Segundo ele, todas as regiões do país estão passando por deficit hídrico, o que torna fundamental uma mudança de atitude nas atividades produtivas, como a pecuária, a agricultura e a indústria, e também no meio urbano, para promoção do consumo e uso racional da água.
“A piscicultura, que é uma atividade que usa bastante água, seja com tanques-rede em grandes reservatórios ou com a produção de peixes em tanques, na qual se utiliza de água derivada de um riacho, de um rio ou de uma represa, deve prezar pela economia desse recurso. Muitos cultivos de piscicultura hoje já estão sem água para abastecer os tanques, o que afeta diretamente a produção. Diante dessa necessidade de melhor uso do recurso hídrico, várias pisciculturas estão reaproveitando a água em cultivos seguintes, em vez de drená-la dos tanques. Assim, as pessoas e empresas vão se ajustando as necessidades”, defendeu o consultor técnico.
Melhora na produtividade
As atividades do dia de campo ocorreram no lote do agricultor e piscicultor familiar Vandi Vieira, que também participou do treinamento. Segundo ele, os conhecimentos adquiridos na capacitação vão melhorar a produtividade de seu cultivo. “Aprendi muito com o curso para levar para meu lote. Hoje sei medir o pH da água e acompanhar como está o oxigênio”, afirmou o piscicultor do perímetro irrigado Itiúba, que há 25 anos cultiva xira, tambaqui e tilápia.
Os piscicultores familiares de Sergipe, também apoiados pela Codevasf, estiveram presente na capacitação, entre eles Gilton Bomfim, que possui lote no perímetro irrigado Cotiguiba/Pindoba, mantido pela companhia entre os municípios de Japoatã, Neópolis e Propriá, no Baixo São Francisco sergipano.
De acordo com ele, até o momento seu lote não enfrentou problemas de abastecimento de água para piscicultura, mas ele teme que essa situação chegue a sua unidade de produção e já se prepara para uma gestão eficiente da água. “Se o rio São Francisco não encher, vamos ter problemas. Hoje pegamos água da drenagem, que vem da despesca, pois a água do viveiro é melhor. Temos que usar melhor a água, pois sem ela não é possível criar peixes, que é nossa forma de renda”, relatou.
Captação de água
Para o coordenador da equipe que presta Ater no perímetro Itiúba, Alexsandro dos Santos, se não fosse o sistema flutuante de captação de água do perímetro implantado pela Codevasf para substituir a captação fixa, certamente os cultivos dos piscicultores familiares poderiam ser prejudicados.
Ele pretende disseminar os conhecimentos adquiridos no curso acerca do uso racional da água junto aos produtores familiares do Itiúba para promover uma mudança de atitude em relação ao uso racional da água, como forma de preparação e prevenção do desperdício.
“Com o curso, pretendemos que seja adotado pelos piscicultores do Itiúba a economia de água. Vamos mostrar que, ao dispensar a água dos viveiros, eles estão cometendo um desperdício, pois aquela água está fertilizada. Já estamos trabalhando nesse sentido, pois a promoção do uso racional da água já consta em nosso plano de trabalho, o que torna mais fácil esse trabalho de mudança de atitude”, explicou.
Capacitação produtiva
Além dos piscicultores familiares do Baixo São Francisco alagoano e sergipano e profissionais que prestam assistência técnica e extensão rural (Ater) nos estados de Alagoas e Sergipe, o curso contou com a participação de técnicos da Codevasf que atuam nas áreas de aquicultura e recursos pesqueiros em Minas Gerais, Piauí e Bahia.
Um deles foi o assistente técnico em Desenvolvimento Regional Antônio do Nascimento, que atua no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Xique-Xique, no município de mesmo nome na Bahia, na área de atuação da Codevasf da 2ª Superintendência Regional, com sede em de Bom Jesus da Lapa (BA).
Ele avaliou a capacitação como bastante produtiva, pois preparou os técnicos da companhia para promoção do desenvolvimento regional nas áreas em que atuam, especialmente diante do cenário atual de escassez hídrica.
“Esse tipo de iniciativa vem fortalecer os diversos projetos de desenvolvimento regional executados pela Codevasf. Em nossa área de atuação, muitos piscicultores tiveram dificuldades em razão da redução no nível do rio São Francisco, inclusive tivemos que fazer obras de desobstrução de canais. Uma das consequências que vivenciamos em nossa unidade foi a secagem das lagoas marginais, que são importantes berçários para espécies nativas do São Francisco. Para salvar as espécies que estavam cercadas lá, tivemos que relocar para locais mais protegidos”, destacou o assistente técnico.
O dia de campo contou com a participação do diretor de Revitalização das Bacias Hidrográficas da Codevasf, Eduardo Motta, que também é engenheiro de pesca.
“Saímos daqui muito satisfeitos pelo sucesso pleno do curso. Os técnicos que serão os multiplicadores desse conhecimento estão bastante motivados para implementar na prática junto aos piscicultores familiares. Pretendemos intensificar as capacitações de produtores para que possamos mudar o perfil dos piscicultores da região e das atividades de aquicultura para torná-la cada vez mais uma atividade relevante do ponto de vista social, ambiental e também econômico. Essa questão ambiental é muito importante, pois o país enfrenta uma crise hídrica. Por isso, esses conhecimentos sobre utilização sustentável de recursos hídricos são bastante importantes para que o produtor possa produzir proteína com melhor qualidade, menor custo e maior eficiência na utilização de água. Assim, o Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba cumpre sua missão ao gerar soluções e sendo difusor de tecnologia”, declarou.
As atividades do curso e do dia de campo contaram ainda com a participação de técnicos da Codevasf em Alagoas que atuam na Unidade Regional de Desenvolvimento Territorial e do engenheiro de pesca da Codevasf Albert Rosa, assessor da Área de Revitalização das Bacias Hidrográficas e responsável pela capacitação.
Veja fotos no Flickr da Codevasf:
https://www.flickr.com/photos/codevasf/sets/72157649209474930/
Ouça as notícias da Rádio Codevasf: