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Poços perfurados pela Codevasf levam água a comunidades do sertão de Pernambuco
Uma tecnologia de convivência com a seca está levando água para centenas de moradores do semiárido pernambucano. Somente em 2013, mais de 800 poços sedimentares e cristalinos foram perfurados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) em áreas rurais de Pernambuco, sendo que 450 já estão completamente instalados, num investimento de mais de R$ 17 milhões, recursos oriundos de emendas parlamentares e do programa Água para Todos, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional (MI) e executado pela Codevasf em sua área de atuação.
Em Serra Talhada, um dos mais de 40 municípios beneficiados pela ação, poços como o da comunidade de Baixa da Carnaúba têm modificado a realidade da população. Nelson Manoel da Silva diz que nunca viu situação tão tranquila com relação a água como a atual, graças ao poço instalado em sua comunidade. “Eu tenho 38 anos e moro aqui desde que nasci. Nem eu, nem meu pai, nem meu avô viu fartura de água como a que a gente tem aqui”, afirma.
Serra Talhada teve cerca de 40 poços perfurados. O de Baixa da Carnaúba, sozinho, beneficia 15 casas, seja com encanamento direto, ou por tambores que são enchidos e levados através de carros de boi. O poço foi providencial para a manutenção da criação animal local. “Eu já vi muitas vezes gado urrando de sede, sem ter o que beber. Hoje os animais chegam e bebem água à vontade no bebedouro que a gente construiu aqui. São 40 a 50 cabeças de gado e mais de 400 criações bebendo água aqui. Esse poço é a nossa riqueza”, comemora Nelson.
Engenheiro civil da Codevasf, Elijalma Augusto conta que a companhia já está trabalhando para que mais poços sejam perfurados no próximo ano. “Estamos trabalhando forte para que rapidamente consigamos licitar mais 91 poços para o ano que vem. Também temos um contrato de 100 poços que serão perfurados e 150 que serão apenas instalados. Começamos esse mês de dezembro e queremos terminá-los até julho do ano que vem”, explica.
Com a perfuração e instalação de poços, comunidades que antes não tinham água para beber já começam a vislumbrar um novo horizonte. “A gente não perdeu animal de sede por pouco. Eu perdi uma lavoura toda aqui. Chegou um momento que a gente teve que escolher entre as plantas e os bichos, a gente escolheu os bichos. Se esse poço da Codevasf não tivesse chegado, nós teríamos perdido animais. Hoje a gente começou até a plantar umas frutas aqui. A água é garantida”, celebra Nelson Manoel.
Poços sedimentares ou cristalinos
Os poços perfurados e instalados pela Codevasf no semiárido de Pernambuco são de dois tipos: sedimentares ou cristalinos. Os sedimentares são perfurados nos locais que possuem manchas de sedimentos (arenito, calcário), escavados a profundidades que podem variar de 150 a 400 metros, e fornecem grandes volumes de água oriunda do lençol freático. A captação da água é feita por meio de motobombas de alta potência.
A água captada do poço, segundo explica o engenheiro Elijalma Augusto, é direcionada através de uma boia para um reservatório – que funciona como um chafariz de onde a comunidade recolhe a água usando diversos tipos de recipientes –, e para um bebedouro, onde é consumida por animais. Há poços desse tipo instalados também nas imediações de escolas rurais.
Elijalma Augusto informa que na região de Pernambuco atendida pela 3ª Superintendência Regional da Codevasf, sediada em Petrolina, existem diversas bacias sedimentares, sendo as maiores a de Jatobá, de Araripe e de São José de Belmonte; e outras menores, como as de Cedro, Tupã-Nancy, Araras e Fátima.
O outro tipo de poço, o cristalino, é perfurado e instalado em regiões de subsolo rochoso, entre 50 a 70 metros de profundidade, e a água é captada das fendas nas rochas, onde se acumula. O volume é menor, e a captação é feita por catavento ou por bomba submersa.
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