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Museu São Francisco

A já reconhecida importância histórica do Velho Chico agora vai ser perpetuada com a criação do Museu do Rio São Francisco, na cidade de Penedo, em Alagoas. A iniciativa conta com o apoio do Ministério da Cultura, BNDES e Prefeitura Municipal de Penedo
publicado: 04/10/2006 15h04, última modificação: 01/11/2022 14h09

Por Eduardo Mota
Superintendência Regional de Penedo(AL)

O projeto, cujo valor é de R$ 5 milhões, contará, também, com a participação de uma rede de instituições governamentais e não governamentais, dentre elas a Codevasf. A Fundação Casa do Penedo é a proponente do projeto.

O contrato de financiamento foi assinado no dia 05 de junho, dia mundial do meio ambiente, pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o presidente do BNDES, Demian Fiocca, em solenidade que contou com a presença do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Luiz Fernando Almeida; do secretário de cultura de Alagoas, Paulo Pedrosa; do prefeito de Penedo, Marcius Beltrão Siqueira; e do presidente da Fundação Casa do Penedo, Francisco Alberto Sales.

"O projeto irá fortalecer a rede de instituições governamentais e não governamentais que trabalham para a preservação e revitalização do rio, a partir de um sistema de sinalização interpretativa, promovendo a integração de todos numa trilha cultural e ambiental", explica Francisco Sales.

CODEVASF EM DESTAQUE

Dentre as instituições que deverão fazer parte da rede, Sales destaca a Codevasf, pela sua história e conhecimento adquirido de toda a bacia hidrográfica do rio São Francisco. O presidente, atendendo a uma reivindicação da Empresa, irá criar um espaço especial no Museu em homenagem a José Theodomiro de Araújo, o "Velho do Rio", funcionário da Codevasf e de suas antecessoras, a Comissão do Vale do São Francisco – CVSF e Superintendência do Vale do São Francisco – SUVALE. Theodomiro foi um dos maiores estudiosos do rio e de sua gente, tendo sido presidente do CEEIVASF – Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, época em que idealizou e ajudou a criar a UNIVALE – União da Prefeituras do Vale do São Francisco, da CIPE-São Francisco – Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio São Francisco, do IMAN - Instituto Manoel Novaes e mobilizou toda a sociedade do Vale para a criação do CBHSF – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

Além de José Theodomiro, outras personalidades que realizaram trabalhos relevantes em prol do rio, farão parte do memorial do Museu como o Deputado Manoel Novaes, o escritor Teodoro Sampaio, o engenheiro Henrique Halfeld, dentre outros.

Penedo, cidade dos Sobrados

A escolha de Penedo para instalação do Museu do Rio São Francisco não poderia ser mais apropriada. Trata-se de uma cidade histórica, considerada o primeiro povoado do vale do São Francisco.

Segundo o sociólogo Gilberto Freire, Penedo é a cidade dos sobrados. Além de destacar-se pelo seu acervo patrimonial, histórico, arquitetônico, paisagístico e cultural, é rica, também, em museus: o do Paço Imperial, o Memorial Raimundo Marinho, o Franciscano e o da Casa do Penedo, os quais têm contribuído para a preservação da memória, das origens do seu povo e de sua identidade cultural.

No seu conjunto arquitetônico, encontram-se dois imóveis construídos nos séculos XVIII e XIX e tombados pelo IPHAN: o Chalé dos Loureiros, pertencente à Fundação Casa do Penedo, que sediará o centro de documentação de todo o rio e o prédio onde está instalada a sede do Capespe – Clube de Pesca de Penedo, pertencente à prefeitura municipal, onde já funcionou o consulado provincial, época em que Penedo possuía alfândega para o controle de mercadorias de importação e exportação e de passageiros. Como a parte de trás da sede está voltada para o São Francisco, o local integrará o próprio rio ao acervo do museu, com exposição de embarcações artesanais típicas e exposição cultural e geográfica digitalizada.

Uma janela aberta para o mundo

O rio São Francisco, desde seu descobrimento pelos europeus, em 04 de outubro de 1501, passou a ser um dos pontos geográficos mais importantes do Brasil. Com aproximadamente 2.700 km de extensão, desde sua nascente, na Serra da Canastra em Minas Gerais, até sua foz entre os estados de Alagoas e Sergipe, o rio tem 1.520 km navegáveis, o que facilitou a interiorização das bandeiras nos séculos XVII e XVIII, entre as regiões Sudeste e Nordeste. Desde então passou a chamar-se de "Rio da Unidade Nacional".

Todas as sub-regiões do São Francisco (Alto, Médio, Sub-médio e Baixo) estarão representadas no museu sob a ótica de "visita-viagem", diferenciado-se de um acervo tradicional pré-constituído. Cada um dos segmentos do rio ganhará um espaço onde serão expostos temas sobre os centros e monumentos históricos, os sítios arqueológicos, os mitos e elementos folclóricos, o artesanato, as manifestações religiosas, as festas, as feiras, a cultura popular e as diversidades ambientais.

O acesso do público a essas informações se dará mediante terminais multimídia por meio de som, imagens, iconografia e por peças colecionadas de cidades e povoados do vale do São Francisco.

O Museu, apesar de sediado em Penedo, terá um conceito diferenciado dos demais por expressar uma identidade e abrangência nacional e, apoiado pela UNESCO, ganhará projeção internacional. Diante dessa perspectiva, será ponto de partida para Penedo e outras cidades e monumentos históricos existentes ao longo do rio, se tornarem, no futuro, reconhecidos pela UNESCO como patrimônios culturais da humanidade.