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Estadão diz: “Semi-Árido nordestino pode ser pólo de cítricos"
O jornal O Estado de São Paulo, traz em sua edição do dia 30 de junho, no caderno Economia e Negócios, matéria sobre estudo elaborado pelo Instituto Pensa (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial da Faculdade de Economia e Administração da USP). A reportagem informa que Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) têm potencial para igualar a produção de laranjas do Estado americano da Flórida. Leia a íntegra da matéria.
São Paulo, 30 - A região do Médio São Francisco, mais precisamente no pólo irrigado Petrolina (PE)/Juazeiro (BA), no semi-árido nordestino, poderá se transformar no longo prazo numa nova fronteira para a produção de citros e processamento de suco de laranja para exportação.
Um estudo de viabilidade técnica, econômica e logística feito pelo Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa), da Faculdade de Economia e Administração da USP, mostra que o cultivo de laranja irrigada na região é viável. Os cálculos da indústria indicam que o potencial produtivo pode chegar a 150 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranjas por ano. O volume corresponde à mesma produção da Flórida, nos EUA, segunda maior região citrícola do mundo, que este ano colheu 154 milhões de caixas.
Frederico Fonseca Lopes, pesquisador do Pensa e um dos responsáveis pelo estudo, revela que entre os fatores positivos da região estão o clima seco e quente, que não favorece a presença de doenças graves como o cancro cítrico; possibilidade de menor utilização de defensivos; disponibilidade de água e energia elétrica para irrigação; ganho de produtividade e menor custo da produção, mesmo levando em conta a irrigação.
O Semi-Árido dispõe de 40 mil hectares disponíveis para citros, área que pode chegar a 200 mil hectares, um terço do parque citrícola que compreende o Estado de São Paulo e o Sul de Minas Gerais, o maior do mundo. As áreas estão distribuídas em vários projetos de irrigação entre Petrolina e Juazeiro. Fatores limitantes como temperaturas muito altas e solo raso podem ser resolvidos com tecnologia já existente, diz José Antonio Quaggio, pesquisador do Centro de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico de Campinas, que também participa do estudo do Pensa. "A maior parte da citricultura mundial foi desenvolvida em condições muito parecidas", afirma.
Feito sob encomenda da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), o estudo é o principal argumento da instituição para atrair grandes indústrias processadoras, como Cutrale, Citrovita e Coinbra, para a região. "Namoramos a indústria paulista há três anos, mas faltava um estudo sério com informações embasadas, que provassem o potencial daquela área", afirma o diretor de Engenharia da Codevasf, Clementino Coelho. "Todo ano essa indústria tem de renovar de 40 mil a 50 mil hectares por conta de envelhecimento de pomares e ataque de pragas e doenças. Queremos atrair uma parte dessa renovação para o semi-árido."
Os números apurados pelo Pensa têm sido mantidos sob sigilo porque o estudo será concluído apenas em julho. Mas o cálculo inicial é de um custo operacional 5% mais baixo e custo total quase 30% menor que em regiões irrigadas de São Paulo. O pólo só será viável se a indústria exportadora for para lá. O setor exporta US$ 1,1 bilhão por ano. As informações são de O Estado de S. Paulo. Jornalista Ana Carolina.