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PRIMEIRA SAFRA DE UVA EM MARRECAS VAI SER COLHIDA EM 2005
Assentamento Marrecas (PI). Dez toneladas de uva serão colhidas em novembro de 2005, nos primeiros dois hectares do plantio, iniciado nesta terça-feira (20), no assentamento Marrecas, município de São João do Piauí (a 486 km de Teresina). O governador do Piauí, Wellington Dias (PT) e o presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, Luiz Carlos Everton de Farias "inauguraram" o parreiral, plantando as primeiras videiras. A produção de uva faz parte da expansão da fruticultura e horticultura, que estão implantados em 20 hectares do Projeto piloto da Codevasf e que beneficia 60 famílias do assentamento. No orçamento do próximo ano, a Codevasf vai aplicar mais R$ 750 mil no Projeto, garantindo a irrigação de 50 ha.
A agricultura irrigada no assentamento Marrecas utiliza água do poço subterrâneo Capim Grosso, que jorrava há 20 anos, sem que a população tivesse qualquer benefício. Com o controle do poço - cuja vazão era de 120 m³ por hora - foi possível implantar a rede elétrica no assentamento. Um dos beneficiados com a chegada da luz elétrica foi o produtor José Luiz do Nascimento, o Zé Bertim. Aos 52 anos de idade (12 dos quais no assentamento), ele estava emocionado. "É a primeira vez que tem luz numa casa minha", diz. Para marcar a chegada da energia, até um notebook (computador portátil) foi instalado na residência da família.
A água do poço jorrante abastece as casas, através de 3600 m de adutora, também inaugurada hoje. Uma lavanderia pública, um balneário e um chafariz para os animais foram feitos utilizando a água do poço. Principal ação da Codevasf, a agricultura irrigada está gerando emprego e renda para a população. O produtor José dos Santos Ribeiro, o Zé Paraíba, tornou-se um exemplo para os demais assentados. Ele e os cinco filhos possuem dois hectares onde plantam batata-doce e abóbora. Por safra, em cada lote, chegam a apurar R$ 3 mil com a venda do produto na feira da cidade de São João (a 16 km do assentamento). Com o dinheiro da venda da abóbora, a família de Paraíba trocou o meio de transporte. Da bicicleta para o carro - uma pampa de segunda mão, que comprou com o lucro da colheita. "E agora vamos comprar um carro maior para não precisar fazer tantas viagens", diz Domingos, o irmão encarregado de fazer o transporte dos produtos. Foram tantas mudanças em 18 meses de trabalho que Paraíba ainda custa a acreditar: "eu sonhava que isso pudesse acontecer. Mas não acreditava", confessa. A exemplo das outras famílias, Paraíba plantava feijão e milho e dependia da chuva, que é escassa nessa região de semi-árido. Era impossível prever que o resultado da colheita daria, ao menos, para a sobrevivência da família, que agora faz planos para o futuro. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Marrecas, Arlindo Gregório, com a ampliação da fruticultura, a perspectiva é de uma renda mensal de dois salários mínimos por produtor.
O Projeto piloto de Marrecas vai fortalecer a fruticultura irrigada, garantindo, além de uva, o plantio de manga, goiaba, figo e atemóia (uma variedade de fruta desenvolvida pela Embrapa). "É um Projeto de referência nacional" acredita o governador do Piauí. "Aqui temos a prova de que a irrigação é a alternativa para o desenvolvimento do semi-árido", conclui.
Assessoria de Comunicação da CODEVASF
Jornalista responsável: Cinthia Lages (61) 9658 7460