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Práticas conservacionistas como ferramenta para reduzir custos e melhorar a produção

por Fernando Néto publicado 08/03/2023 14h35, última modificação 06/11/2023 15h15

Ricardo Barros Vieira

Dentre as práticas agrícolas, as de conservação de solo e água são as que promovem maior retorno financeiro, com menor custo em relação ao benefício e sustentabilidade do empreendimento agropecuário. Por outro lado, a erosão resultante do mal-uso do solo pode ocasionar, para além da porteira, a redução da capacidade dos reservatórios e piora da qualidade da água, trazidas pelo assoreamento e poluição.

Para mensurar economicamente os prejuízos oriundos da perda de água, solo, matéria orgânica (MO), nutrientes e água causados pela erosão hídrica, Dechen et al. (2015) correlacionaram seus efeitos em função da cobertura do solo (Figura 1).

Figura 1: Taxas de perdas de água (mm/ano), solo (ton/ha/ano) e matéria orgânica (kg/ha/ano) em função de diferentes percentuais de cobertura do solo.

Figura 1: Taxas de perdas de água (mm/ano), solo (ton/ha/ano) e
matéria orgânica  (kg/ha/ano) em função de diferentes percentuais de cobertura do solo

Ao comparar os tratamentos com 0% e 90% de cobertura do solo, foram observadas reduções de 51,97%, 54,44% e 54,91% nas perdas de água, solo e matéria orgânica, respectivamente. Em relação aos nutrientes, comparando o solo com 0% de cobertura àquele com 90%, o último apresentou perdas menores de fósforo-P (70%), potássio-K+ (79%), cálcio-Ca2+ (72%) e magnésio-Mg2+ (68%).

As perdas dos nutrientes acima apresentados associados à erosão hídrica no solo e convertidos na forma de valores, gera um prejuízo anual só com reposição desses 4 macronutrientes de aproximadamente R$1.700,00 ha/ano. Isso, avaliando-se apenas o prejuízo da lixiviação “dentro da propriedade” (internos), porque os impactos ambientais externos ao local de origem são considerados bem maiores (MARQUES, 1998).

Para Hernani et al. (2002) em uma estimativa dos custos potenciais diretos e indiretos da erosão no Brasil todos os anos, é semelhante a toda a riqueza produzida. É como se o País tivesse vivendo sempre na metade do seu potencial de utilização das riquezas exploradas com o uso de seus recursos naturais.

Podemos destacar três formas de intervenção para a conservação dos solos e da água:

  • Práticas de caráter edáfico: referem-se às técnicas ou conjunto de operações realizadas no solo que visam além da produção, a manutenção ou melhoramento da fertilidade do solo: como ajustamento à capacidade, correção da acidez e demais adubações orgânicas ou minerais, claro que precedidas de análise de solo.
  • Práticas de caráter vegetativo: visam ao controle da erosão e ao melhoramento do solo com auxílio da vegetação de cobertura.
  • Práticas de caráter mecânico: são as que requerem o uso de máquinas ou promovem interferências, tanto para a construção de obstáculos para o controle da erosão como para a mobilização e manejo do solo.

Essas são rotinas relevantes e precisam ser levadas em conta para a conservação dos recursos naturais, redução de custos, melhor produtividade e qualidade de vida para quem trabalha da terra.

Referências

DECHEN, S.C.F.; TELLES, T.S.; GUIMARAES, M.F.; MARIA, I.C. Perdas e custos associados à erosão hídrica em função de taxas de cobertura do solo. Bragantia, Campinas, v. 74, p. 224-233, 2015. Disponível: https://www.scielo.br/j/brag/a/nCjy5nDxcp4tDGwhx6CbjHp/?format=pdf&lang=pt#:~:text=O%20solo%20com%2090%25%20de,%C3%A0%20quantidade%20de%20fertilizantes%20recomendada. Acesso em 15/11/2022.

HERNANI, L. C.; FREITAS, P. L. de; PRUSKI, F. F.; MARIA, I. C. de; CASTRO FILHO, C. de; LANDERS, J. N. A erosão e seu impacto. 2002. In: MANZATTO, C. V.; FREITAS JUNIOR, E. de; PERES, J. R. R. (Ed.). Uso agrícola dos solos brasileiros. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2002. cap. 5, p. 47-60. Disponível: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/328096/uso-agricola-dos-solos-brasileiros. Acesso em 16/11/2022.

MARQUES, J. F. Custos da erosão do solo em razão dos seus efeitos internos e externos à área de produção agrícola. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, DF, v 36, p. 61-79, 1998. Disponível: https://www.scielo.br/j/brag/a/nCjy5nDxcp4tDGwhx6CbjHp/?lang=pt. Acesso em 15/11/2022.