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Inovação e criatividade na dragagem do canal de entrada do Projeto Jaíba

por Valeria Rosa Lopes publicado 28/06/2022 14h39, última modificação 17/08/2023 18h39

Júlio César V. M. Carvalho

O canal de chamada do Projeto Jaíba, no Norte de Minas Gerais, liga o rio São Francisco à primeira estação de bombeamento e tem aproximadamente 1.500 m de comprimento e 50 m de largura. Periodicamente, ele precisa ser dragado, devido à deposição de sedimentos no fundo do canal. No ano de 2021, utilizou-se um novo processo na dragagem do canal, retirando sedimentos em toda sua extensão. Algo que os processos anteriores não conseguiam.

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Figura 1: Escavadeira de pás de arrasto (draglaine)
Fonte: Carvalho, 2022

Em 2014, após uma severa estiagem do rio São Francisco, houve a necessidade de desassorear o canal escavado do Projeto Jaíba. Para isso, contratou-se duas escavadeiras hidráulicas braço longo (16 metros), quatro equipamentos de draga (dragline), e foram retirados cerca de 100 mil metros cúbicos de sedimentos (Figura 1).

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Figura 2: Pequenas ilhas que se formaram no Canal de entrada do projeto Jaíba em 2020
Fonte: Carvalho, 2022

No entanto, devido ao comprimento dos braços da escavadeira, a parte central do canal permaneceu com sedimentos e, em 2020, 6 anos após a realização desta obra, o processo de sedimentação contínuo produziu, no canal, uma faixa central de 30 metros média de sedimentos, com pequenas ilhas de vegetação e árvores (Figura 2).

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Figura 3: Perfil do canal do projeto Jaíba em 2020
Fonte: Carvalho, 2022

Ou seja, a dragagem de manutenção no canal de entrada do Projeto Jaíba, pelo processo mecânico antigo, produziu o seguinte perfil ao longo dos anos (Figura 3).

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Figura 4: Escavadeira presa no “catamarã” escavando o canal do projeto Jaíba
Fonte: Carvalho, 2022

Necessitando de inovação e criatividade no processo, os Engenheiros da Codevasf e da empresa contratada montaram uma plataforma no formato de catamarã de 2 partes de 7,5 m x 15 m x 1,9 m, prendendo uma escavadeira hidráulica de 211 CV à frente desse catamarã. A escavadeira hidráulica dragava o canal depositando o material diretamente em batelões (embarcações como uma saboneteira invertida), que eram puxados por rebocadores até à margem esquerda do canal. Nesse ponto, outra escavadeira hidráulica, de menor potência, retirava o material dragado dos batelões direto para caminhões basculantes que o transportavam para o local de depósito, ambientalmente autorizado (Figura 4).

Este processo trouxe independência e agilidade no trabalho de limpeza do canal. Passando de uma simples dragagem para um processo de escavação dos sedimentos. Conferindo praticidade, rapidez, economia dos recursos e maior eficiência.

Vantagens obtidas

  • Dragar canais de qualquer largura ou de baixa profundidade;
  • Dragar material sedimentado ou mais duro; abaixo e/ou acima da lâmina d’água;
  • Possibilidade diária de ajuste na profundidade de dragagem permitindo se ajustar; a qualquer nível do canal ou do rio;
  • Baixa agressão ao meio ambiente;
  • Menor tempo de obra, comparado à draglaine e escavadeira de braço longo;
  • Praticidade e baixo custo de mobilização e desmobilização.

Observa-se que antes da dragagem praticamente todo o canal encontra-se acima da cota de projeto (436,5m), excetuando-se os bordos esquerdo e direito, em uma estreita faixa (Figura 5).

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Figura 5: Perfil 3D do canal do Projeto Jaíba anterior à dragagem no ano de 2021
Fonte: Carvalho, 2022

Observa-se que após a dragagem praticamente todo o canal encontra-se abaixo da cota de projeto (436, 5m) (Figura 6).

 Figura6.jpg

Figura 6: Perfil 3D do canal do Projeto Jaíba depois da dragagem no ano de 2021
Fonte: Carvalho, 2022

A Codevasf e a empresa contratada, ao recriarem o modo de dragar, como o ocorrido no canal do Projeto Jaíba, trouxe praticidade e flexibilidade a esse método, diminuindo o tempo e o custo total da obra, além de diminuir expressivamente o impacto ambiental.