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Tecnologia BioAs

por Valeria Rosa Lopes publicado 28/01/2021 11h54, última modificação 18/08/2023 14h16

Solos saudáveis, muito além de produtivos, são eficientes biorremediadores de agrotóxicos e doenças do solo promovendo saúde às plantas, pessoas e animais. Desta forma, prestam um serviço ambiental e de sustentabilidade ao empreendimento agrícola, visto a maior capacidade de sequestrar carbono, água e nutrientes, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa, lixiviação de insumos e contaminação de mananciais, tudo, graças a intensidade de sua atividade biológica, promovida por meio do seu manejo.

Esse conceito parece ir contra a ideia de que o solo é apenas um material sem forma e inerte que sustenta as plantas: se drenável, suprido e corrigido quimicamente é capaz de dar suporte a altas produtividades, sem que haja necessidade de práticas vegetativas de conservação do solo, como rotação de cultura ou adubação verde.

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Fonte: Embrapa, 2018.

Durante muitos anos pesquisadores se perguntavam: por que solos do mesmo tipo, inseridos no mesmo regime hídrico e similar análise química, com aproximada condição fitossanitária, tinham respostas tão diversas em produção de grãos e biomassa quando expostos a fatores adversos como por exemplo, estresse hídrico, conforme diferentes tipos de manejos? A resposta está correlacionada a atividade biológica do solo e ao entendimento de que ela promove a fixação, ciclagem e disponibilização de nutrientes para as plantas.

Deste modo, identificou-se a necessidade de se agregar à análise de rotina que os agricultores vêm fazendo (granulométricas, físicas e químicas) o componente biológico. Assim, nasceu a “BioAS” da Embrapa: uma tecnologia que agrega o componente biológico às análises de rotina de solos realizadas pelos agricultores. Consiste na avaliação das enzimas arilsulfatase e beta-glicosidase, associadas aos ciclos do enxofre e do carbono, respectivamente. Por estarem relacionadas, direta ou indiretamente, ao potencial produtivo e à sustentabilidade do uso do solo, essas enzimas ponderadas ao tipo de solo, regime hídrico e as culturas inseridas ajudam a avaliar a saúde do solo, classificando a qualidade do seu manejo.

A grande vantagem complementar da tecnologia BioAS, é que, em relação as principais e tradicionais análises química, ou  física, a bioanálise por ser mais sensível, detecta alterações na atividade biológica do agrossistema, sendo capaz de verificar se o manejo está sendo adequado ou não, antes mesmo de uma possível redução da produtividade em resposta às adversidades (ex: veranicos, patógenos)  ou de uma discreta degradação do solo.

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Fonte: Embrapa, 2018.

Cabe ressaltar, que apesar de promissora, a tecnologia ainda não foi ajustada para os diversos ambientes e culturas existentes no nosso país. Dessa forma, cabe aos nossos agricultores, órgãos técnicos e de extensão, junto com os pesquisadores, participar no balizamento de valores dos indicadores parametrizando, quanto a qualidade da atividade biológica de diferentes culturas nos diversos ambientes.

Trata-se de iniciativa única no mundo, que poderá inserir o Brasil na vanguarda da avaliação de saúde do solo. Por essas razões, a BioAS é considerada a mais nova aliada na sustentabilidade da agricultura brasileira, em tempos onde nossa agricultura tem sido desafiada a dar respostas nesse sentido. E com a adoção de práticas que beneficiem a saúde do solo, todos saem ganhando: o agricultor, o meio ambiente e a sociedade.

A amostragem de solo para avaliação, segue os mesmos princípios da amostragem de solo tradicional e, caso tenha interesse, segue abaixo a lista de laboratórios que realizam a BioAS.

Laboratórios de análise de solos que oferecem a BioAS: