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Uso de pó de rocha na agricultura

por Danilo publicado 21/03/2019 20h31, última modificação 18/08/2023 14h13

O desempenho da agricultura brasileira coloca o agronegócio em uma posição de destaque em termos de saldo comercial no Brasil e relevância mundial. Os solos brasileiros, base para sustentar esse desenvolvimento, na sua grande maioria são ácidos e pobres em nutrientes, carentes principalmente em cálcio, magnésio, fósforo e potássio. É preciso um alto investimento em corretivos e fertilizantes para obtenção de boas produtividades.

Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), 54% do fósforo e 92% do potássio consumidos no Brasil foram comprados de outros países. O avanço do agronegócio brasileiro contrapõe-se à alta dependência desses fertilizantes. Assim, a busca por Fontes Alternativas de Nutrientes (FAN) tem importante papel estratégico para o agronegócio.

18-1.pngNa literatura é possível encontrar alguns sinônimos para o termo “rochagem”, como: agrominerais, pó de rocha, petrofertilizantes, remineralização ou FAN. São geralmente subprodutos da indústria extrativa mineral capaz de fornecer insumo de nutrientes para a indústria de fertilizantes ou para utilização direta na agricultura. Compreendem as commodities minerais de elementos como enxofre, fosfato, potássio e ainda, o calcário dolomítico que é utilizado para corretivo da acidez dos solos.

A rochagem pode tornar-se uma importante técnica de fertilização e complementarochagem1 as práticas tradicionalmente já utilizadas no Brasil, sendo indicada em escala regional, devido à logística de seu transporte, apresentando ampla diversidade de matérias primas e distribuição geográfica, contribuindo também para a redução de rejeitos da indústria de mineração.

Embora estudos associado à eficiência dos pós de rocha dependerem de diversos fatores — material de origem da FAN, edafoclimatologia do sistema produtivo, formas e quantidades a serem aplicadas, granulometria necessária, técnicas associadas à compostagem para aumentar a solubilidade desses materiais, e respostas nas produtividades de diferentes culturas, principalmente em lavouras irrigadas — a tecnologia vem sendo desenvolvida de forma mais ampliada nos últimos anos.

18-2.pngResultados mostrados por diversos pesquisadores, nacionais e rochagem3alguns internacionais, confirmam o uso do pó de rocha não só para a obtenção de produtividades similares ou até superiores àquelas obtidas a partir do uso de fertilizantes solúveis, mas também proporcionam melhoria dos parâmetros de armazenamento de água e nutrientes no solo, principalmente os de textura mais arenosa, em médio e longo prazo.

Incluir estes agrominerais nas práticas de adubação pode se tornar uma estratégia viável para elevar a fertilidade, tornando o solo mais produtivo e reduzindo custos de produção, além de minimizar o risco ambiental inerente ao uso de fertilizantes solúveis pela própria redução de seu uso. Assim, estas fontes de remineralização, regionalmente acessíveis e de menor custo, seriam uma importante forma de aumentar a inclusão socioeconômica dos agricultores familiares.

18-3.pngPara o desenvolvimento regional, a rochagem pode favorecer a formação de uma indústria mineral de pequeno porte, estimulando um pólo de economia local, além de reduzir o oligopólio dos agroquímicos. No entanto, se faz necessário à definição de um inventário geológico, contemplando a ocorrência de FAN, corretivos e condicionadores de solo, com regras bem definidas.

Cabe ressaltar que para registrar um novo insumo no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é necessária a realização de testes sob a responsabilidade de instituições oficiais de pesquisa e que os resultados comprovem a eficiência agronômica do petrofertilizante. Porém, anteriormente, é preciso obter o licenciamento ambiental do novo insumo, frente aos órgãos de controle do meio ambiente dos estados, atestando a segurança ambiental e dos alimentos produzidos, visto que alguns desses subprodutos oriundos da mineração podem conter metais pesados ou tóxicos. Depois de atendidas todas essas exigências legais, o novo insumo poderá ter sua liberação para comercialização.