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Ações de revitalização em Minas são apresentadas pela Codevasf na Câmara
Foram investidos R$ 620,4 milhões em 162 municípios da região semiárida do estado; destes, R$ 100 milhões foram empregados no controle de processos erosivos
Proteção
de nascentes, cercamento de matas ciliares e de topos de morros,
adequação de estradas vicinais e implantação de terraços e
bacias de captação de enxurrada foram os tópicos de revitalização
ambiental que estiveram no centro da participação da Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf)
em audiência pública realizada nesta terça-feira (11), em
Brasília, pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável da Câmara dos Deputados.
A Companhia foi representada na audiência “Situação das veredas no cerrado brasileiro” pelo engenheiro agrônomo Fernando Britto, chefe de gabinete da Superintendência Regional da Codevasf em Minas Gerais, que tem sede em Montes Claros.
“As ações de controle de processos erosivos são empregadas com o objetivo de conter a erosão, diminuir as enxurradas e reduzir o assoreamento de áreas de veredas e cursos d'água que vão abastecer o rio São Francisco”, explicou Britto. “As intervenções buscam recuperar, conservar e preservar áreas em situação de vulnerabilidade ambiental e têm como uma de suas consequências a melhoria da disponibilidade de água em quantidade e qualidade para usos diversos”, acrescentou.
Britto
informou aos presentes que a área de atuação da Codevasf em Minas
Gerais cobre 240 municípios e que em 162 deles a Companhia realiza
ou realizou ações de revitalização por meio do Programa de
Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Além
das intervenções de contenção de processos erosivos, a Codevasf
investiu na instalação de Sistema de Esgotamento Sanitário e na
Gestão de Resíduos Sólidos. Ao todo foram investidos R$ 620,4
milhões, dos quais R$ 100 milhões foram empregados no controle de
processos erosivos.
Outras
exposições
A
pesquisadora do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de
Montes Claros (Unipontes), Maria das Dores Magalhães Veloso, expôs
na audiência o trabalho realizado em Minas Gerais pelo Programa
Vereda Viva, mantido pela Unimontes em parceria com o Ministério
Público. Ela destacou que as veredas são ecossistemas dentro do
cerrado e explicou que elas funcionam como vias de drenagem que
contribuem para a perenidade e a regularidade dos cursos d'água.
“São reservatórios naturais. Quando passa a chuva, temos um
lençol freático imenso no cerrado, e na seca essa água emerge”,
disse. Ela destacou entre as ameaças às veredas o gado, que destrói
o solo da vereda quando pisa sobre ele, e o fogo.
O jornalista Luiz Ribeiro, repórter do jornal Estado de Minas, compartilhou no evento a experiência adquirida com a produção de uma série de reportagens sobre as veredas de Minas Gerais, trabalho guiado pela leitura da obra Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Ribeiro percorreu 2,1 mil quilômetros do Norte e do Noroeste de Minas visitando veredas em 12 municípios. Entre as consequências da degradação de veredas com as quais teve contato, ele listou falta d'água, rios secos, desemprego e abandono da área rural. “As principais formas de destruição são assoreamento, queimadas, criação de gado, desmatamento em função da produção de carvão e estradas”, ressaltou.
Rutílio Eugênio Cavalcanti, prefeito de Urucúia (MG), destacou na audiência a necessidade de que terraços, curvas de nível e barragens sejam empregadas em propriedades rurais para que a água da chuva seja contida e armazenada e, assim, mantenha veredas e nascentes vivas. “A água que cai no sertão não deveria ir para o mar”, disse.
O coordenador da Área Técnica de Manejo de Bacias da Emater-MG, Maurício Roberto Fernandes, frisou em sua apresentação que a proteção de veredas deve levar em consideração o tripé geração de renda, preservação e recuperação. Segundo ele, uma das medidas eficazes de proteção é a delimitação das áreas de vereda. “A proteção deve ser de 100 metros a partir do solo hidromórfico, um solo escuro facilmente identificável”, afirmou. Outra medida seria o cadastramento das veredas com base em informações de imagens de satélite.
A
audiência foi realizada por requerimento do deputado federal Zé
Silva, de Minas Gerais. No plenário em que a audiência foi
realizada estiveram presentes deputados, vereadores, autoridades
mineiras e representantes de instituições da sociedade civil. O
superintendente da Codevasf em Minas Gerais, Rodrigo Rodrigues, o
assessor da Presidência da Companhia Athadeu Ferreira e o analista
em Desenvolvimento Regional Luiz Bezerra compuseram o grupo de
representantes da empresa que acompanharam as apresentações da
audiência.
Fotografias: www.flickr.com/photos/codevasf/albums/72157679234786853
Ouça
o depoimento de Fernando Britto:
https://soundcloud.com/codevasf/chefe-de-gab-da-1-sr-fala-sobre-situacao-das-veredas-no-cerrado-na-cmads-da-camara-dos-deputados
Confira as discussões desta tarde: http://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cmads/videoArquivo?codSessao=62190&codReuniao=46775