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Pesquisa da Codevasf registra presença do matrinxã na pesca artesanal no Baixo São Francisco
Pescadores já haviam relatado capturas da espécie em localidades da região. O registro mais recente foi no povoado de Entremontes, em Piranhas (AL).
O matrinxã, peixe que não era encontrado nas águas do Velho Chico há mais de 40 anos, está de volta no trecho do rio em Alagoas graças aos peixamentos promovidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) na região. A presença da espécie na pesca artesanal, no Baixo São Francisco alagoano, foi registrada durante pesquisa que monitora a ictiofauna local realizada pela Companhia em parceria com o Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). A revista científica “Aquaculture, Aquarium, Conservation & Legislation – International Journal of the Bioflux Society” publicou artigo sobre o referido estudo.
“O
retorno do peixe, de importância comercial na região, é resultado
dos peixamentos realizados há décadas no Baixo São Francisco pela
Codevasf, por meio do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e
Aquicultura de Itiúba (5ª/CII), localizado em Porto Real do Colégio
(AL). Isso mostra a importância dessa atividade para a conservação
das espécies nativas do rio São Francisco”, avalia o engenheiro
químico e Doutor em Biotecnologia Marcos Vinícius Teles Gomes,
analista em Desenvolvimento Regional da Codevasf em Alagoas.
Alguns
pescadores já haviam relatado capturas pontuais do matrinxã em
localidades do Baixo São Francisco. O registro mais recente foi no
povoado de Entremontes, na cidade de Piranhas (AL). O aluno Thiago
D’avilla, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação
da UFS, chegou a registrar a presença do peixe na pesca artesanal de
Entremontes em seu trabalho de mestrado.
Peixamentos
Somente
há três anos a Codevasf iniciou o peixamento com o matrinxã
(Brycon orthotaenia)
na região do Baixo São Francisco. Segundo Marcos Vinícius Gomes,
os peixamentos na calha do rio São Francisco são realizados no
trecho entre as cidades de Piaçabuçu e Piranhas utilizando diversas
espécies, entre elas xira (Prochilodus
argenteus), bambá
piau (Prochilodus
costatus), piau cutia
(Leporinus
obtusidens), mandi
(Pimelodus maculatus),
cascudo (Pterygoplichthys
etentaculatus),
pacamã (Lophiosilurus
alexandri), dourado
(Salminus
franciscanus),
surubim (Pseudoplatystoma
corruscans), pirá
(Conorhynchos
conirostris) e
algumas espécies de piaba, principalmente a Astyanax
bimaculatus.
“O
trabalho de peixamento com espécies nativas e o monitoramento
limnológico e ictiológico são atividades essenciais para a
recomposição da ictiofauna e para a revitalização do rio São
Francisco. Os relatos indicam que o matrinxã já está sendo
registrado na pesca artesanal. O mesmo espera-se para o pirá e o
surubim. Desde o início de 2017 já foram soltos aproximadamente 15
mil alevinos destas duas espécies
na calha do rio
entre as cidades de Penedo e Porto Real do Colégio”, explica
Gomes.
Para
a comunidade científica, os peixamentos têm papel fundamental.
“Essas ações são importantíssimas e mostram que as técnicas de
reprodução em cativeiro estão dominadas, mas o próximo passo e
mais importante é revitalizar o rio para que as populações
consigam se estabelecer e reproduzir naturalmente”, afirma o
professor Marcelo Brito, da UFS.
Recomposição da ictiofauna
Por
meio de seus sete Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e
Aquicultura implantados em quatro estados, a Codevasf atua na
preservação da ictiofauna das bacias hidrográficas, bem como em
sua revitalização, por meio da realização de peixamentos e
pesquisas aplicadas.
“Esses
centros e seus técnicos têm prestado serviços relevantes, tanto
por meio de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, como pelos
peixamentos e pelo acompanhamento da evolução das espécies nativas
devolvidas aos rios. Estamos investindo na preservação do meio
ambiente e na consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
É uma verdadeira missão que a Codevasf exerce com orgulho e
dedicação e precisa da contrapartida dos investimentos, que
retornarão em benefícios para a população e para o meio
ambiente”, afirma Inaldo Guerra, diretor da Área de Revitalização
das Bacias Hidrográficas da Codevasf.
Desde
2007, foram destinados para os peixamentos 68 milhões de alevinos de
espécies nativas, entre elas cari, pacamã, piau, curimatã pacu,
curimatã pioa, matrinxã e piaba. Somente em 2017, já foram
realizadas 27 ações de soltura de peixes em trechos do rio –
cerca de 2,1 milhões de alevinos.
Os centros integrados são considerados referência no desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de reprodução, larvicultura e alevinagem de espécies nativas do rio. São eles: Três Marias e Gorutuba, em Minas Gerais; Xique-Xique e Ceraíma, na Bahia; Bebedouro, em Pernambuco; Betume, em Sergipe; e Itiúba, em Alagoas.
Fotografias: https://www.flickr.com/photos/codevasf/sets/72157633050320379/with/8519390526/