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Piscicultores familiares apoiados pela Codevasf garantem pescado da Semana Santa no Baixo São Francisco

Não vai faltar pescado nesta Semana Santa no Baixo São Francisco. Desde o início deste ano, já foram “despescados” (termo técnico para retirada do pescado do tanque-rede ou viveiro) cerca de 34 toneladas de peixes nos lotes de piscicultores familiares dos perímetros irrigados de Boacica, em Igreja Nova, e de Itiúba, em Porto Real do Colégio, mantidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Alagoas.
publicado: 28/03/2013 12h54, última modificação: 06/10/2023 17h11

Não vai faltar pescado nesta Semana Santa no Baixo São Francisco. Desde o início deste ano, já foram “despescados” (termo técnico para retirada do pescado do tanque-rede ou viveiro) cerca de 34 toneladas de peixes nos lotes de piscicultores familiares dos perímetros irrigados de Boacica, em Igreja Nova, e de Itiúba, em Porto Real do Colégio, mantidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Alagoas.

Os peixes são vendidos diretamente a compradores da região, que por sua vez comercializam o pescado nas feiras livres de municípios do Baixo São Francisco. A estimativa da Codevasf é que, em 2013, as atividades piscícolas movimentem aproximadamente R$ 320 mil nos dois perímetros irrigados.

A piscicultura familiar é desenvolvida de forma semi-extensiva no sistema de rotação de cultura – por meio da qual durante parte do ano os lotes produzem arroz, e na outra é praticada a piscicultura com o policultivo das espécies tambaqui, tilápia, piau e curimatã, mais conhecida no Baixo São Francisco como xira.

Dos 766 lotes do perímetro irrigado do Boacica, 35 desenvolvem o cultivo de peixes, ocupando uma área de 52 hectares. Já no perímetro irrigado de Itiúba, 41 dos 227 lotes fazem o cultivo de peixes. Atualmente a produtividade média em Boacica está em 1,5 tonelada por hectare a cada ciclo, e no de Itiúba está em 0,8 tonelada por hectare ao ciclo.

Alberto dos Santos, 31 anos, é um dos piscicultores familiares do Boacica. Desde criança, acompanhava o pai, João Evangelista dos Santos, também piscicultor familiar, na atividade no lote da família no perímetro. Já adulto e após formar família, ele decidiu seguir o mesmo caminho do pai e hoje cultiva tambaqui e xira em um lote próprio. Com a Semana Santa, ele já enxerga um aumento do movimento e do faturamento com a despesca dos peixes cultivados há 8 meses. “Hoje tiramos 160 kg de tambaqui e 100 kg de xira. Vendo o quilo de xira por 10 reais e o de tambaqui por 6 reais. Sempre vendemos bem durante todo o ano. Na Semana Santa, temos um aumento na procura, o que é muito bom para nós”, afirmou.

Custos mais baixos

A despesca no lote de Alberto dos Santos começa sempre às 4 horas da manhã. O técnico agropecuário Zacarias Duarte, integrante da equipe que presta assistência técnica e extensão rural nos perímetros irrigados da companhia em Alagoas, explica que esse horário é ideal para prevenir o estresse dos animais. “O horário mais cedo também permite que o pescado chegue fresquinho às feiras livres e à mesa do consumidor”, completou. Ele também adiantou que, durante a Semana Santa, as despescas nos perímetros irrigados devem se estender até esta quinta-feira, 28 de março.

De acordo com o técnico agropecuário, a escolha das espécies xira e tambaqui propiciam custos mais baixos para o piscicultor, “pois essas espécies consomem subprodutos do arroz, como a palha, os grãos que sobram da colheita e o pó do arroz resultado do beneficiamento”, explica. “A xira e o tambaqui também têm um comércio certo. A tilápia e o piau são cultivados em menor escala, pois o comércio desses peixes tem um consumo mais baixo”, ensina Zacarias Duarte. Ele também destacou que o sucesso de piscicultores familiares como Alberto dos Santos e João Evangelista dos Santos tem chamado a atenção de outros agricultores, que também desejam entrar na atividade.

O fato é confirmado pelo presidente da Associação dos Piscicultores do Perímetro Irrigado do Boacica (Aspib), Manuel Lino Filho. “Tem muitos agricultores aqui do Boacica querendo entrar no ramo de piscicultura. Um deles é meu filho, que já começou a fazer seu tanque de criação de peixe. Esse negócio está entusiasmando toda minha família. Nós, que somos da agricultura, temos que mexer um pouquinho aqui e acolá para honrar nossos compromissos”, afirma o piscicultor, que pratica a atividade desde 2005 em 12 viveiros escavados.


Mais uma fonte de renda

No perímetro irrigado de Itiúba, mantido pela Codevasf em Porto Real do Colégio (AL), a piscicultura também está ganhando cada vez mais espaço. “Muitos agricultores estão nos procurando para saber como funciona essa atividade. Eles querem ter mais uma fonte de renda, pois sua atividade principal é o arroz”, afirmou o presidente da Associação dos Piscicultores do Perímetro Irrigado do Itiúba (Appi), João Roque dos Santos.

Segundo o chefe da Unidade de Apoio à Produção da Codevasf em Alagoas, engenheiro de pesca Paulo Pantoja, a companhia pretende agora estimular os agricultores irrigantes do perímetro irrigado de Marituba, em Penedo - o mais novo perímetro irrigado da Companhia no estado -, a desenvolverem atividades aquícolas, em especial a piscicultura, como fomento a novas alternativas produtivas para essas famílias.

“Em parceria com o Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba da Codevasf, estamos fomentando a piscicultura em nossos perímetros irrigados em Alagoas. Essa atividade proporciona ao produtor familiar uma grande rentabilidade. Desde os anos 1980, a partir de estudos da Codevasf e da FAO - organização das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação -, o governo federal já havia definido que os perímetros irrigados implantados pela companhia no Baixo São Francisco também atuariam como polo de desenvolvimento da aquicultura, com destaque para a piscicultura, que coexistiria com a rizicultura, atividade tradicional na região. As condições de topografia de solo, clima e a tradição da atividade de pesca na região são fatores que fortalecem essa estratégia”, definiu.

Ele ainda adiantou que a Codevasf está estudando estimular a carcinicultura, criação de camarão, nos perímetros irrigados como outra alternativa produtiva.

De acordo com o superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Luiz Alberto Moreira, a Codevasf enxerga nas atividades aquícolas, em especial na piscicultura, uma estratégia de fomento ao desenvolvimento econômico da região do Baixo São Francisco devido às suas características naturais.

“As atividades aquícolas, com destaque para a piscicultura em tanques-rede e em viveiros escavados, têm se mostrado uma alternativa viável de fortalecimento da renda dos agricultores irrigantes dos perímetros públicos mantidos pela Codevasf em Alagoas”, destaca.