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A TARDE:TRANSPOSIÇÃO DO RIO VOLTA AO DEBATE

publicado: 01/10/2004 09h45, última modificação: 01/11/2022 14h00

Adilson Fonseca

Em seus 503 anos, de Américo Vespúcio, o primeiro a vê-lo em 1501, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deseja transpor suas águas. De Piaçabuçu, na sua foz (AL/SE), até a Serra da Canastra (norte de Minas Gerais), o Rio São Francisco passou por várias mudanças.

Perdeu a maioria das verdejantes matas ciliares que lhe davam sustentação nas margens, inúmeros espécimes da fauna e flora, e vários afluentes, que secaram definitivamente. A primeira mudança veio com as suas cachoeiras, que deram origem ao maior complexo hidrelétrico do Nordeste, na região de Paulo Afonso e posteriormente Xingó, onde funcionam sete grandes hidrelétricas.

Às hidrelétricas de Paulo Afonso, se juntaram os projetos de irrigação e de construção de açudes. Nos seus 2.800 km de extensão, apresenta inúmeros cenários, contrastes humanos e ações destruidoras do homem. O rio que antes corria livre, foi represado em vários pontos e em um deles, no “salto do Sobradinho”, deu origem ao maior lago artificial do mundo, com 34,1 bilhões de m³ de água acumulados num espelho d’água que se estende por uma distância de mais de 400 km de margem.

Para tanto fez desaparecer cidades como Remanso, Casa Nova e Sento Sé, mais tarde reconstruídas em outros locais, e fez surgir um novo município, Sobradinho, a partir de uma vila de operários. De todas as mudanças ocorridas com o Velho Chico, a mais polêmica e que gera preocupações de diversos setores da sociedade, é a transposição de suas águas para alimentar outros rios e açudes do interior do Nordeste. Transposição que, para muitos, só é possível com a recuperação do próprio rio, que vive periodicamente na UTI, por causa do desmatamento, do assoreamento e do uso desregulado de suas águas.