Atualização das Classes de Terras para Irrigação, fundamentando a licitação de lotes no projeto Formoso H
Paulo Cerqueira
As metodologias de Classificação de Solos e Terras para irrigação são muito importantes na identificação das classes ou tipos de solos nas paisagens, diferenciando ambientes e orientando manejos, vocações, aptidões, planejamento dos usos e conservação, com reflexos diretos na economia de recursos econômicos, financeiros, sociais e ambientais.
As classificações são processos dinâmicos, portanto, passíveis de atualizações periódicas, permitindo incorporação de inovações tecnológicas, adoção de novos conceitos, parâmetros e experiência dos agricultores e instituições públicas e privadas.
A Embrapa e a Codevasf, por meio de um acordo de cooperação técnica, sistematizaram o Sistema Brasileiro de Classificação de Terras para Irrigação (SiBCTI).
No SiBCTI (Embrapa, 2018), houve uma evolução em relação a classificações anteriores e solos arenosos como as antigas Areias Quatzosas (AQ), atual Neossolos Quartzarênicos (RQ), que eram enquadrados em classes especiais de terras para irrigação ou considerados praticamente inaptos para irrigação, passaram a ser aptos a ela. Graças a incorporação de tecnologias de manejos de solo e água, aplicação de nutrientes via fertirrigação, manejo da matéria orgânica e microrganismos benéficos, esses solos e terras passaram a ter uma ótima resposta econômica para uso com irrigação, principalmente fruticultura, tendo até algumas vantagens comparativas com solos argilosos de baixa permeabilidade.
Esses solos não passaram para classes 1 e 2, pelas limitações intrínsecas de retenção de água, teores de alumínio e fertilidade. Porém, alcançaram a classe 3 (três) (AMARAL, 2011).
Ademais, esses tipos de solos por serem profundos e de fácil permeabilidade, principalmente em regiões semiáridas, facilitam a drenagem de sais, reduzindo os riscos de degradação por salinização e sodificação.
De acordo com essa nova classificação, recentemente, no projeto público de irrigação Formoso H, foram realizados estudos pedológicos em alguns lotes de posse da Codevasf, e essas áreas passaram de terras não irrigáveis para irrigáveis, obtendo com isso uma valorização no preço de venda desses lotes, além da possibilidade do plantio de novas culturas.
O cultivo de citros vem avançando sobre essas classes de solo e terras arenosas, com o apoio de novas formas de manejo e demais tecnologias, permitindo maior diversificação de cultivos no projeto Formoso, onde ainda predomina a cultura da banana.
Referências:
AMARAL, F.C.S. Sistema brasileiro de classificação de terras para irrigação: enfoque na região semiárida. Rio de Janeiro: Embrapa Solos: Codevasf, 2011.164p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA) Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 3. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2018. 355 p.