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Degustação de doces e queijos atrai visitantes da Fenagri ao estande do Pontal Sequeiro

A “árvore sagrada do sertão”, assim chamada pelo escritor Euclides da Cunha, é a fonte da matéria-prima dos doces, geleias, caldas, mousse e compotas que estão sendo largamente degustados na 25ª edição da Fenagri: o umbuzeiro. As iguarias feitas de umbu, ao lado do queijo à base de leite de cabra, são as principais atrações do estande da Coopontal – formada por 14 mulheres que, no Sítio Icozeiro, processam as frutas e os subprodutos da área de sequeiro do Pontal, perímetro em fase de implantação pela Codevasf em Petrolina (PE).
publicado: 30/05/2014 17h13, última modificação: 01/11/2022 14h31

A “árvore sagrada do sertão”, assim chamada pelo escritor Euclides da Cunha, é a fonte da matéria-prima dos doces, geleias, caldas, mousse e compotas que estão sendo largamente degustados na 25ª edição da Feira Nacional da Agricultura Irrigada (Fenagri): o umbuzeiro. As iguarias feitas de umbu, ao lado do queijo à base de leite de cabra, são as principais atrações do estande da Cooperativa de Desenvolvimento Agropecuário e Extrativista do Pontal (Coopontal) – formada por 14 mulheres que, no Sítio Icozeiro, processam as frutas e os subprodutos da área de sequeiro do Pontal, perímetro em fase de implantação pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) em Petrolina (PE).

Para a estudante de enfermagem da Univasf, Ana Paula, 24 anos, o que mais chamou atenção foi a mousse de umbu: “Achei maravilhosa”. Segundo a agricultora Carmelita Lopes Rodrigues, essa mousse é preparada basicamente com polpa do umbu, leite condensado e creme de leite, batidos no liquidificador e depois resfriado.

A receita agradou o engenheiro agrônomo Ivan Augusto, natural de Petrolândia (PE), que está em visita pela região: “É um produto que tem muita consistência, e você sente realmente o gosto do umbu. É bem preparado, e vale a pena você experimentar e levar”. Ele também provou e levou para casa duas caixas de geleia de umbu.

Segundo Josélia Karina Amorim, presidente da Coopontal, o trabalho começou com apoio da Codevasf, que forneceu serviços de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural), ao longo dos quais foi detectada, na grande produção local de umbu – fruta típica da Caatinga –, a possibilidade de desenvolver uma atividade econômica produtiva para aumentar a renda das famílias de pequenos agricultores daquela região de sequeiro, onde a pluviosidade é baixa.

“Tudo começou com um grupo de doceiras que reuniu as mulheres das comunidades circunvizinhas, e que deu certo. O próximo passo foi criar a cooperativa para poder comercializar os produtos, que hoje não se restringem só aos subprodutos do umbu”, conta.

Hoje, segundo a presidenta, há um grupo de 14 agricultoras familiares que colhe os umbus durante a safra, armazena e, durante a entressafra, produz os derivados da fruta. Ela não tem um cálculo exato da produção, mas nos dois primeiros anos estima que foram processados 16 mil quilos de umbu. Nos últimos anos, devido à escassez de chuva que causou um curto período de frutificação, a produção caiu em média para dois mil quilos. “Foi um ano difícil, mas a gente está aí”, afirma Josélia Amorim.

queijoQueijos de cabra

O queijo à base de leite de cabra é outra atração do estande do Pontal Sequeiro na Fenagri. O produto, que já tem o selo de inspeção sanitária municipal, é confeccionado por um grupo de mulheres, que acompanha todo o processo desde a ordenha do animal, obedecendo a todos os requisitos sanitários, até o depósito do produto em uma miniqueijaria, montada em um prédio cedido pelo município. Nesse local, o queijo é produzido, embalado e armazenado, até ser comercializado também pela cooperativa.

Segundo Josélia Amorim, a cooperativa reúne cerca de 38 famílias associadas à entidade, mas ela calcula que o número de beneficiados seja maior, pois a Coopontal atende também outras famílias da região.

“Na queijaria trabalham quatro mulheres que controlam a demanda de sete fornecedores de leite e ainda fazem o beneficiamento”, afirma Josélia. Ela destaca a mistura do doce de umbu com leite de cabra como um dos destaques da produção: “Você pega o azedinho do umbu com aquele doce cremoso do leite da cabra, e temos um contraste de sabor que está fazendo sucesso”, diz.

A estudante de enfermagem Sheilla Silva, de 23 anos, visitou o estande e preferiu o doce de leite de cabra. Ela, que é natural de Petrolina aprovou a receita e aproveitou para provar também a musse e o doce de umbu. A boa aceitação do público que visita a Fenagri está motivando a agricultora Adeilza dos Santos Anjo, de 31 anos, mãe de dois meninos, e que participa do projeto junto com o marido. “Estou muito satisfeita. Nossa renda aumentou com esse trabalho”, afirma.

Josélia Amorim, natural da região, afirma que o projeto tem levado a uma mudança de mentalidade, “Eu mesma sou de lá do Pontal, estudei na cidade e não pensava em voltar para o campo, porque na minha cabeça lá só se vivia de criar bode. Com a experiência do Pontal Sequeiro, a nossa visão é de um desenvolvimento muito grande, onde principalmente não haverá a questão da migração. Eu vi aqui a possibilidade de ter uma vida tranquila e produtiva, trabalhar sem perder minha identidade, sem ter que abandonar minha terra e perder minhas características”.

Fotos: Cássio Moreira/Codevasf

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https://www.flickr.com/photos/codevasf/sets/72157644517759699/