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Canal do Sertão Alagoano: agricultores familiares assentados conhecem projetos hidroagrícolas da Codevasf

Os primeiros projetos para aproveitamento hidroagrícola do Canal do Sertão Alagoano foram apresentados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) a agricultores familiares assentados no município de Delmiro Gouveia, semiárido alagoano. A partir de uma metodologia piloto de desenvolvimento regional participativo, os projetos foram elaborados pela empresa contratada pela Codevasf com a participação dos agricultores assentados. A previsão é de que em cerca de oito meses os quintais produtivos dos agricultores dos assentamentos Maria Cristina e Moxotó das Areias comecem a receber a infraestrutura de abastecimento de água e irrigação. Agora os projetos seguem para a etapa de licitação.
publicado: 27/10/2014 08h05, última modificação: 01/11/2022 14h31

Os primeiros projetos para aproveitamento hidroagrícola do Canal do Sertão Alagoano foram apresentados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) a agricultores familiares assentados no município de Delmiro Gouveia, semiárido alagoano. A partir de uma metodologia piloto de desenvolvimento regional participativo, os projetos foram elaborados pela empresa contratada pela Codevasf com a participação dos agricultores assentados. A previsão é de que em cerca de oito meses os quintais produtivos dos agricultores dos assentamentos Maria Cristina e Moxotó das Areias comecem a receber a infraestrutura de abastecimento de água e irrigação. Agora os projetos seguem para a etapa de licitação.

Para apresentação e discussão dos projetos, a Codevasf realizou uma reunião com os agricultores do assentamento Maria Cristina das agrovilas I, II e II e do assentamento Moxotó das Areias. O diretor de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf, Eduardo Motta, coordenou a apresentação dos projetos e destacou que há um ano a Codevasf estava no mesmo local apresentando o Plano de Desenvolvimento Hidroagrícola das Comunidades Rurais Difusas da Área de Abrangência do Canal do Sertão Alagoano, cujos projetos de abastecimento de água expostos na reunião são os primeiros resultados.

“Hoje a Codevasf pensa o desenvolvimento de forma participativa. Não é possível trabalhar a inclusão produtiva sem a ativa participação dos beneficiários – e foi o que fizemos na elaboração desses projetos, quando há um ano estivemos aqui para expor o plano e hoje voltamos para apresentar e discutir com os agricultores assentados os primeiros projetos que levarão água do canal para irrigar os quintais produtivos e água tratada para consumo humano proveniente da adutora da Companhia de Saneamento de Alagoas. Estamos trabalhando com um modelo inédito de desenvolvimento regional com inclusão social e produtiva”, destacou o diretor da Codevasf.

Ele apontou ainda que esta será uma tendência de atuação da Codevasf, especialmente nos projetos de canais hídricos de uso múltiplo. “Esses projetos de desenvolvimento hidroagrícola que estão sendo implantados pela Codevasf nas comunidades difusas ao longo do Canal do Sertão serão modelos a serem adotados para outros projetos semelhantes em nossa área de atuação, como o Canal de Xingó entre Bahia e Sergipe.

Os projetos contemplam os “quintais produtivos”, com água para irrigação e todo um sistema de irrigação por gotejamento de alta eficiência, que serão implantados pela Codevasf nos lotes dos agricultores e água tratada para consumo humano, trazendo sustentabilidade real a essas comunidades rurais.

“Estamos promovendo o desenvolvimento regional com inclusão social e produtiva”, definiu Motta. Ele acrescentou que, agora, os projetos seguirão para licitação e, em aproximadamente oito meses, os lotes dos agricultores dos assentamentos devem começar a receber a infraestrutura de abastecimento de água e irrigação.

Uma das lideranças dos agricultores assentados no sertão de Alagoas, Marquinhos Sem Terra, que também integra a Coordenação Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), vê o envolvimento dos agricultores nas discussões sobre os projetos que levarão infraestrutura aos assentamentos como uma demonstração de compromisso da Codevasf com os sertanejos.

“Vejo que a apresentação dos projetos a todos nós mostra a responsabilidade e o compromisso dos técnicos da Codevasf. Nossos companheiros puderam ouvir e entender os projetos e fazer também suas considerações. Esse trabalho da Codevasf é bastante importante para a produção dos assentamentos, e agora é aguardar a implantação”, declarou.

Para a integrante da Coordenação Nacional do MST, Débora Nunes, os projetos completarão os processos de reforma agrária ao dotar os assentamentos de infraestrutura. “A reforma agrária não passa apenas pela distribuição de terra, mas também são necessárias as condições estruturais para que as famílias possam viver nessa terra e, sobretudo, produzir alimentos para tirar seu sustento. Após um período de debates e discussão da Codevasf com os agricultores, temos agora os projetos prontos”, afirmou.

Ela destacou ainda a participação social dos agricultores nos rumos dos projetos de desenvolvimento hidroagrícola elaborados pela Codevasf. “Desde o primeiro momento, os agricultores e a Codevasf firmaram essa parceria para que não surgisse algo sem o conhecimento das famílias. A ideia é que, com o envolvimento das famílias, elas mesmas pudessem cuidar e gerir esses sistemas de abastecimento. Acreditamos que, com esses projetos, a qualidade de vida das famílias sertanejas assentadas pela reforma agrária seja melhorada”, apontou a líder do movimento em Alagoas.

Já para a superintendente substituta do Incra em Alagoas, Alessandra Costa, trata-se de um momento histórico, quando o Estado brasileiro torna universal o acesso a água e faz o Canal do Sertão cumprir sua função social. "O projeto garante condição de vida, com a água para o consumo, além de garantir a produção do agricultor assentado e sua permanência no campo", acrescentou.

O superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Ivan Craveiro, o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, e o secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Arthur Ferreira, também participaram da apresentação. A exposição da Codevasf foi acompanhada também por representantes do Incra, da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário de Alagoas (Seagri), da Emater/AL, da Prefeitura e do Comitê Gestor Municipal do Programa Água para Todos de Delmiro Gouveia, entre outros.

Essas são as primeiras comunidades beneficiadas com a finalização dos projetos de abastecimento de água, de um total de 102, entre assentamentos, agrovilas e povoados ao longo Canal do Sertão Alagoano nos municípios de Delmiro Gouveia, Pariconha e Água Branca. O investimento é de cerca de R$ 1,8 milhão. Após a conclusão de cada um dos projetos, a Codevasf fará licitação para contratar a implantação do sistema de abastecimento de água do assentamento Maria Cristina, com investimentos previstos da ordem de R$ 5 milhões.

Canal do Sertão Alagoano

O Canal do Sertão Alagoano é uma obra planejada e executada pelo governo de Alagoas há aproximadamente 20 anos, com recursos do próprio estado e do Ministério da Integração Nacional – posteriormente, a obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Sua água tem sido usada para mitigar os efeitos da estiagem por que passa o estado.

Pontos de abastecimento localizados em Delmiro Gouveia e Água Branca encurtaram a distância para abastecimento de caminhões-pipa que distribuem água para famílias de Inhapi, Canapi, Pariconha, Mata Grande, Olho d'Água do Casado, Delmiro Gouveia e Água Branca. Quando concluído, o canal terá 250 quilômetros de extensão e abastecerá 42 municípios.

A Codevasf trabalha na elaboração dos projetos para implantação de adutoras que atenderão 102 comunidades rurais situadas ao longo do Canal do Sertão alagoano. As adutoras levarão água para abastecimento humano e produção hidroagrícola a assentamentos da reforma agrária, agrovilas e povoados difusos que sofrem com os efeitos da estiagem prolongada no semiárido de Alagoas.

As adutoras deverão beneficiar aproximadamente 9 mil famílias ao longo do Canal do Sertão Alagoano nos municípios de Delmiro Gouveia, Água Branca e Pariconha. Cada adutora atenderá a diversas comunidades que estejam próximas umas das outras.

Segundo o superintendente regional da Codevasf em Alagoas, Ivan Craveiro, os projetos serão executados à medida que ficarem prontos, sem necessidade de aguardar a finalização de todos. “O Canal do Sertão alagoano é a principal obra em execução no estado de Alagoas e é provido com águas do rio São Francisco. Diante da necessidade do acesso à água, bem de valor imensurável, os projetos serão executados concomitantemente com sua elaboração, visando mitigar a seca com agilidade no acesso à água”, declarou.

Veja fotografias no perfil da Codevasf no Flickr:
https://www.flickr.com/photos/codevasf/sets/72157648922996902/