Ação da Codevasf contribui para sobrevivência animal e beneficia quase 300 famílias no semiárido baiano

Mais de 280 famílias vinculadas a seis associações de produtores familiares rurais no norte da Bahia estão agora melhor equipadas para alimentar as criações de cabras, ovelhas e outros pequenos animais. Numa ação do eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil sem Miséria, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) entregou às entidades kits de máquinas forrageira e ensiladeira – equipamentos que contribuem para o manejo alimentar e a sobrevivência animal, especialmente em períodos de estiagem.

De acordo com o superintendente regional da Codevasf em Juazeiro, Alaôr Grangeon, cerca de 100 desses kits beneficiarão, até o final deste ano, associações e comunidades de municípios fortemente afetados pela seca e que dependem da pequena pecuária extensiva para subsistência. O investimento total é de aproximadamente R$ 1 milhão, com recursos da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI) e também oriundos de emendas parlamentares.

Entre as entidades beneficiadas está a Associação dos Produtores Rurais da Marreca e Adjacências, localizada no interior do município de Campo Alegre de Lourdes. Segundo o presidente da associação, Antônio Martins de Lacerda, a entidade assiste a 42 famílias de pequenos criadores e produtores rurais. “Plantamos milho, sorgo, palma, mandioca e feijão, e com essa máquina nós teremos facilidade para beneficiar nossa produção e alimentar melhor nossos animais”, afirma.

Arnaldo Cardoso Dias, que representa a Associação de Pequenos Agropecuaristas da Fazenda Mucambo e Localidades Circunvizinhas, situada na zona rural do município de Curaçá, informa que 45 famílias da comunidade se beneficiarão das máquinas. “Entre as forrageiras que produzimos, estão a palma e a maniçoba. A máquina vai ficar localizada na sede da associação, para que todos possam usar. Ela vai ajudar muito o nosso trabalho”, diz.

Um kit de forrageira/ensiladeira também foi entregue à Associação de Jovens na Luta pelo Desenvolvimento Agrário da Fazenda Poço da Caatingueira, também no interior do município de Curaçá. A entidade reúne cerca de 28 famílias. “Além de plantar milho e feijão, a gente também cria alguns animais como caprinos, ovinos, aves e suínos. Com essa máquina vamos poder fazer a ração para esses animais, o que vai melhorar a vida da gente também”, conta o presidente da associação, Luiz Cardoso dos Santos Brasileiro.

Outras entidades que também receberam os kits no município de Campo Alegre de Lourdes foram a Associação Agropastoril de Fundo de Pasto da Lagoa do Pedro, que funciona na zona rural e tem cerca de 30 famílias cadastradas, e a Associação dos Agricultores Familiares do município, que conta com 60 associados. Segundo o presidente da associação de agricultores, Aldeziro Dias dos Passos, “a máquina vai ajudar muito, pois o material que antes não era aproveitado na alimentação dos animais agora vai poder ser utilizado, facilitando também o uso para os animais de grande porte”.

No município de Casa Nova, também no semiárido baiano, a Associação de Moradores e Produtores de Macambira e Região está finalizando a instalação da máquina, que vai beneficiar cerca de 40 famílias que praticam a agropecuária de subsistência.

Em Curaçá, a Associação de Pequenos Agropecuaristas da Fazenda Pedra Branca e Adjacências também recebeu o kit forrageiro, que será utilizado por 39 famílias de pequenos produtores. “É uma grande ajuda que o governo federal e a Codevasf está dando para a gente, que estamos passando por um momento difícil no campo”, assinala o presidente, José Antônio Torquato dos Santos.

Ainda nesta semana, segundo o técnico Everaldo Andrade, da Codevasf em Juazeiro, mais sete associações do interior do município de Remanso receberão kits forrageiros semelhantes. A expectativa é de que essas máquinas atendam a quase 400 famílias de pequenos produtores rurais.

Triagem de beneficiários

Para serem beneficiadas com o equipamento, as associações passam por uma triagem que obedece aos critérios do Plano Brasil sem Miséria: as famílias devem estar cadastradas no CadÚnico de programas sociais do governo federal, possuir renda mensal por pessoas de até R$ 77, apresentar aptidão para a atividade, entre outras exigências. Outro ponto analisado é a situação cadastral da entidade, além de uma análise detalhada da real necessidade do equipamento que será doado. Essa necessidade é avaliada pelos técnicos da Codevasf durante reuniões e visitas técnicas às comunidades que poderão ser beneficiadas.

Depois de habilitados a receber o equipamento, os presidentes das associações assinam um termo de doação onde se comprometem a usar o equipamento no desenvolvimento das atividades pecuárias exercidas em conjunto pelos membros da entidade.

Para Izabel Aragão, da Gerência de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, essa é uma ação fundamental para o fortalecimento da atividade. “A Caatinga representa uma importante fonte de alimento para os caprinos e ovinos, e é a forma mais prática e econômica de se alimentar os animais; no entanto, no período de estiagem e em algumas fases de criação, esses animais apresentam exigências nutricionais diferenciadas necessitando da suplementação alimentar adequada para a obtenção de bons índices zootécnicos”, explica.

Treinamento

Após a entrega do kit, os técnicos da 6ª superintendência regional da Codevasf, localizada em Juazeiro (BA), voltam às comunidades para analisar e aprovar a instalação definitiva da máquina. Em seguida é realizado um treinamento para que os associados possam operar com segurança e de maneira eficiente o conjunto de equipamentos que compõem o kit.

De fácil manuseio, o conjunto de peças é composto por uma base de ferro que tem no centro um motor a diesel e nas extremidades dois conjuntos de máquinas, uma para picar outra para triturar forrageiras. Uma simples troca de correias aciona um ou outro aparelho. Além de dispensar o uso de energia elétrica, o conjunto pode ser facilmente transportado de um lugar para outro.

Depois de trituradas ou picadas as forrageiras, o material é ensacado e então armazenado em silos ou outros locais apropriados para ser consumido futuramente pelo rebanho.

Em geral, quando vão utilizar o material que estava armazenado, os criadores acrescentam outros elementos para que se torne um produto balanceado para os animais – como farelos, grãos e rações. Entre os vegetais utilizados como forrageiras estão mandacaru, cana-de-açúcar, palha de milho, mandioca e macambira.

Veja imagens ilustrativas no Flickr da Codevasf:

https://www.flickr.com/photos/codevasf/sets/72157651892490876/

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